De passagem por Porto Alegre, a líder do governo no Congresso, Joice Hassellmann (PSL-SP), turbinou a polêmica em torno da reforma da Previdência ao sugerir que o presidente da Comissão Especial, Marcelo Ramos (PR-AM), deve se manter calado. A deputada respondeu a afirmação de Ramos, para quem "cada vez que Bolsonaro fala sobre a reforma, ele retira alguma coisa".
O parlamentar se referia à manifestação do presidente Jair Bolsonaro de que a proposta em discussão na Câmara pode se desidratada, gerando economia em torno de R$ 800 bilhões. O valor é bem inferior ao cálculo divulgado pelo Ministério da Economia, cuja previsão de impacto fiscal com a reforma é de R$ 1,23 trilhão em dez anos.
— Isso não ajuda em nada, vai contra o trabalho da própria equipe econômica — salientou Ramos.
— Eu acho que o deputado devia fechar a boca — respondeu Joice, após palestrar no evento Tá na Mesa, promovido pela Federasul nesta sexta-feira (26).
Durante cerca de uma hora, a deputada falou sobre a reforma da Previdência e o cenário econômico a uma plateia formada majoritariamente por empresários e políticos. Ela negou que o governo vá pagar R$ 40 milhões em emendas a cada deputado que votar a favor da Previdência, mas defendeu as indicações políticas para cargos nos estados. As mudanças são a prioridade número um do governo, afirmou, projetando a aprovação no plenário da Câmara ainda no primeiro semestre.
Logo em seguida, afirmou, o Planalto envia ao Congresso a reforma tributária. Diante de um público favorável ao governo e à agenda econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes, Joice reconheceu que Bolsonaro deveria se empenhar mais na defesa pública das mudanças. Embora tenha reagido à crítica do presidente da comissão especial, ela lamentou que cada movimento de Bolsonaro acabe causando tumulto.
— Acho sim que ele deveria falar mais, o problema é que o presidente abre a boca e pronto, vira uma confusão. Um errinho de concordância, se ele dá uma opinião que as pessoas acham que ele não deveria ter dado, tudo vira um escândalo na mídia — justificou.