Demitido nesta segunda (8) do cargo de ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez despediu-se dizendo que entrega o posto "com a casa em ordem". O economista Abraham Weintraub assumiu nesta terça (9) como ministro em cerimônia no Palácio do Planalto com a presença do presidente Jair Bolsonaro.
Depois disso, aconteceu a transmissão do cargo na sede do MEC, com a presença de Vélez, que não compareceu ao Planalto. A saída do professor aconteceu em meio a uma crise envolvendo disputas entre militares e seguidores do escritor Olavo de Carvalho. Weintraub assume a pasta sem secretário de Educação Básica nem presidente do Inep, órgão responsável por exames como o Enem.
Vélez disse que a imprensa passa uma imagem de que nada funciona no MEC, o que, segundo ele, não seria verdade.
— Mentira se combate com fatos — disse o ministro.
— Os senhores saibam que o ministro vai encontrar a casa em ordem. Esse é nosso intuito — acrescentou.
— Entrego meu cargo não com tristeza, mas com felicidade. Porque estamos entregando algo que está funcionando — ressaltou o ex-ministro.
Vélez defendeu a importância de ter iniciado um esquema de investigações no MEC, chamado de Lava-Jato da Educação. Com nome de operação, a iniciativa consiste em um protocolo de colaboração do MEC com órgãos de controle e o Ministério de Justiça.
O ex-ministro ainda citou os planos para expansão de escolas militares, a elaboração da diretriz para uma nova disciplina de educação moral e cívica e ações das secretarias de Modalidades Especiais. Não fez, entretanto, referência à política nacional de alfabetização - única meta do governo para os 100 dias e que até agora não foi apresentada.
Após a fala de Vélez, o novo titular do cargo elogiou o ex-ministro e disse que sua saída não o desabonava.
— O senhor sai pela porta da frente, sendo respeitado, um intelectual capaz, inteligente, que continua tendo as portas abertas no MEC — disse Weintraub.
O novo ministro ressaltou que chega para "decretar a paz" no MEC e quem não estiver de acordo, terá que sair.
— Posso ter posições diferentes do que o presidente Bolsonaro acha. Tenho duas opções: ou obedeço ou caio fora. Não quer dizer que a gente é autoritário, a gente quer conversar — disse ele, acrescentando:
— Podem ser olavistas, militares, gente de esquerda.
Weintraub tem simpatia de olavistas e já defendeu usar o método do escritor para combater o comunismo.