Um grupo comandado pelo brigadeiro Ricardo Machado Vieira, secretário-executivo da Ministério da Educação (MEC), aproveitou o último dia da gestão de Ricardo Vélez Rodríguez para concluir decreto sobre a nova política de alfabetização no país. Pontos criticados por especialistas em relação ao documento anterior, com a orientação para que escolas adotem o método fônico de alfabetização, como defendia o grupo ligado ao escritor Olavo de Carvalho dentro da pasta, foram retirados – o texto agora fala em uso de "metodologias variadas". O novo decreto já foi enviado à Casa Civil. As informações são do blog da jornalista Renata Cafardo no Estado de S. Paulo.
A indicação de Abraham Weintraub como novo ministro representou uma derrota dos militares, que defendiam um ministro de perfil mais técnico e sem interferências ideológicas. A política de alfabetização havia sido colocada como prioritária para os cem dias do governo de Jair Bolsonaro, que se completam nesta quarta-feira (10).
Além disso, a versão retificada do decreto afirma que o processo de aprendizagem da leitura e escrita se dá nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, e não com "priorização no 1º ano" – como dizia a minuta anterior. Também foi retirada a parte que indicava que crianças da Educação Infantil deveriam iniciar o processo de alfabetização, outro ponto muito criticado. Agora, a introdução no mundo letrado é orientada a partir da pré-escola (quatro e cinco anos).
Educadores defendem que não é função do MEC indicar o método e, sim, deixar a decisão para escolas e professores. Uma linha de especialistas também vê o método fônico – que associa as letras a fonemas – como tecnicista e ultrapassado. Escolas de elite particulares do país, em geral, mesclam métodos, mas priorizam um modelo global de alfabetização, em que não há um ensino sistemático das letras.