Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo neste domingo (7), aniversário de sua prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva critica o impeachment de sua sucessora, Dilma Rousseff, volta a sustentar que sua prisão foi resultado de perseguição política e defende que o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, foi o maior beneficiário desse processo.
Lula começa o texto afirmando que está preso "injustamente, acusado e condenado por um crime que nunca existiu". O petista defende que sua condenação foi resultado de um movimento político que começou com o impeachment de Dilma Rousseff, em 2014.
A deposição da ex-presidente, por sua vez, teria sido aplicada para "romper o modelo de desenvolvimento com inclusão social que o país vinha construindo desde 2003".
"O impeachment veio para trazer de volta o neoliberalismo, em versão ainda mais radical. Para tanto, sabotaram os esforços do governo Dilma para enfrentar a crise econômica e corrigir seus próprios erros", diz o ex-presidente.
Lula critica sua condenação pelo processo do triplex de Guarujá por Sergio Moro e ratificada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Ele diz que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou seu pedido de habeas corpus "sob pressão da mídia, do mercado e até das Forças Armadas, como confirmou recentemente Jair Bolsonaro, o maior beneficiário daquela perseguição".
O ex-presidente justifica a derrota de Fernando Haddad à "indústria de mentiras de Bolsonaro nas redes sociais, financiada por caixa 2 até com dinheiro estrangeiro, segundo a imprensa".
O artigo cita também a posse do ex-juiz Sergio Moro como ministro da Justiça do governo Bolsonaro. "Os mais renomados juristas do Brasil e de outros países consideram absurda minha condenação e apontam a parcialidade de Sergio Moro, confirmada na prática quando aceitou ser ministro da Justiça do presidente que ele ajudou a eleger com minha condenação."
Ao fim, Lula questiona por que não foi libertado ainda: "Por que têm tanto medo de Lula livre, se já alcançaram o objetivo que era impedir minha eleição, se não há nada que sustente essa prisão? Na verdade, o que eles temem é a organização do povo que se identifica com nosso projeto de país".
Em conversas com visitantes, o petista já admite cumprir o restante da pena em casa. Acumuladas as condenações nos processos do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia — que ainda não foi julgado em 2ª instância —, Lula deve cumprir 25 anos de prisão.