Com a maior base de apoio já construída na Assembleia Legislativa desde o fim do regime militar, o governo de Eduardo Leite conseguiu aprovar nesta terça-feira (23) a retirada da exigência de plebiscito para venda da CEEE, CRM e Sulgás da Constituição do Estado. Confirmando as projeções, os deputados aprovaram a PEC por 40 votos a favor e 13 contrários. Como a medida precisa ser apreciada em dois turnos, haverá nova votação no dia 7 de maio.
Com certeza da vitória tranquila, o principal articulador político do governo, o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, nem sequer atravessou a rua em direção ao Parlamento. Do seu gabinete no Palácio Piratini, acompanhou toda a sessão ao lado de assessores.
O único susto foi provocado pelo MDB. Com oito votos, o partido, que é o principal aliado de Leite, aproveitou a votação de um tema caro ao governo para avisar que exige mais cargos. Os deputados atrasaram a chegada ao plenário, provocando temor de que não houvesse quórum para continuar a sessão. Diante das cobranças de aliados, o líder da bancada, Fábio Branco, tentou apaziguar os ânimos.
— O MDB vai ajudar o governo — afirmou.
Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o governador Eduardo Leite elogiou os deputados.
— É um passo muito importante para o Rio Grande do Sul se abrir à iniciativa privada e iniciar o processo de desestatização. (Os deputados) tomaram para si o protagonismo de uma mudança importante para o Rio Grande do Sul. O plebiscito não é o foro adequado para analisar as oportunidades de negócios da CEEE, CRM e Sulgás. O nosso Estado está tomando o rumo para viabilizar a adesão ao regime de recuperação fiscal — declarou Leite.
Protestos
Do lado de fora, a Brigada Militar reforçou o policiamento e isolou quase todo o perímetro da Assembleia. Alguns ativistas contrários às privatizações arremessaram ovos em deputados e servidores, mas não houve registro de incidentes ou confrontos. No plenário, os protestos foram barulhentos, mas boa parte das galerias ficaram esvaziadas. Consciente da derrota, restou à oposição se revezar na tribuna, atrasando a votação.
— A CEEE não está cobrando os grandes devedores. Isso é só para criar o clima de que a empresa é insolvente e facilitar o discurso que precisa privatizar — protestou o líder do PT, Luiz Fernando Mainardi.
O governo, porém, evitava responder as provocações. Durante a discussão da proposta e o encaminhamento dos votos, somente um dos quatro deputados do PSDB - partido de Leite -subiu à tribuna. A tarefa de rebatar a oposição ficou com os aliados.
— Não estamos aqui discutindo quem é a favor ou contra os servidores públicos, mas sim o que é melhor para o nosso Estado — argumentou Rodrigo Lorenzoni (DEM).