O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou os ataques feitos por parlamentares a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e considerou graves as ameaças feitas aos ministros da Corte.
Na tentativa de serenar os ânimos e passar uma mensagem de harmonia entre os Poderes, Maia promoveu um churrasco neste sábado (16), na residência oficial da presidência da Câmara, com a presença dos presidentes da República, Jair Bolsonaro (PSL), do STF, Dias Toffoli, e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além de 15 ministros e outros parlamentares.
Inicialmente o almoço seria restrito apenas aos chefes de Poderes. Os ânimos ficaram acirrados nos últimos dias com uma mobilização de congressistas contra os membros do Supremo.
Conforme o jornal O Globo, Bolsonaro aproveitou o encontro para pedir união entre os três Poderes. De acordo com o ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, o presidente discursou pedindo a união entre os Poderes, para possibilitar o desenvolvimento do país:
— Ele disse (sobre) a importância da união de todos os Poderes, de todas as autoridades, para fazer o Brasil continuar seu caminho de desenvolvimento.
Ainda segundo informações de O Globo, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, destacou que o diálogo é um dever.
— É importante que os Poderes possam conversar, dialogar. Há um imenso desafio para ser vencido, que é recuperar o Brasil da situação que o país tem. Os Poderes dialogarem é uma obrigação, no entendimento do presidente Jair Bolsonaro, do presidente Rodrigo, do presidente Davi, do presidente Toffoli.
Alguns senadores já vinham reclamando do que chamam de "ativismo judicial" e têm em mãos pedidos de impeachment contra diferentes magistrados, um requerimento de criação de CPI para investigar integrantes das cortes superiores e projetos que revertem decisões do tribunal e estabelecem mandato de oito anos para seus ministros.
— Muitas vezes o Supremo pode tomar uma decisão que, pessoalmente, não me agrade, mas isso não significa que eu não vou respeitar de forma muito contundente a decisão da maioria do plenário do Supremo Tribunal Federal — disse Maia, após o almoço, defendendo o respeito entre os Poderes.
O que mais incomodou parlamentares na semana passada foi o inquérito anunciado por Toffoli para apurar a existência de fake news, ameaças e denunciações caluniosas, difamantes e injuriantes que atingem a honra e a segurança dos membros da corte e de seus familiares.
— Isso é muito grave e é muito importante que a gente, mesmo tendo alguma divergência em qualquer decisão, a gente respeite a decisão dos Poderes, principalmente um Poder que tem a atribuição de guardar a nossa Constituição — afirmou o presidente da Câmara.
Maia disse não ter discutido o atrito com STF com Bolsonaro. O presidente reproduziu neste sábado um vídeo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu filho, com críticas ao julgamento do Supremo que definiu que crimes comuns (como corrupção e lavagem de dinheiro) associados a caixa dois devem ser julgados pela Justiça Eleitoral.
— Não conversei. Toda crítica precisa ser respeitada num país que quer ser democrático, garantindo a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. Mas a crítica não pode passar para uma agressão, principalmente em relação a um Poder que tem a responsabilidade de guardar a Constituição — afirmou Maia.
Participantes do almoço disseram que o encontro foi descontraído. Bolsonaro discursou, mas, no geral, permaneceu mais quieto, sempre próximo dos presidentes dos outros Poderes.