Confirmada como ministra da Agricultura no futuro governo de Jair Bolsonaro, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) afirmou nesta segunda-feira (19), em entrevista à Rádio Gaúcha, que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) passará a ser ligado à pasta. Segundo ela, a Secretaria de Aquicultura e Pesca e a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento (Sead) também serão fundidos ao ministério.
— O Incra virá (para a Agricultura). Hoje ele é uma autarquia ligada à Casa Civil, continuará independente, mas será ligado ao ministério para formulação de políticas (para assentamentos). Estou tratando da agricultura familiar agora, da Sead, e da Pesca, que também virão para o Ministério da Agricultura — confirmou ao Gaúcha Atualidade, após ter feito estudo sobre as fusões a pedido do presidente eleito.
Questionada sobre o futuro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a parlamentar disse que está avaliando a situação, mas negou que será incorporada à pasta:
— Já tem um estudo diminuindo as funções da Conab, melhorando e vendendo ativos, armazéns convencionais. Hoje se gasta mais com a segurança destes imóveis e eles não produzem nada. Existe um levantamento, eu ainda não entrei nisso para olhar e perguntar, mas a Conab é uma coisa que vamos ter que pensar qual futuro podemos dar.
Incentivos à JBS
No domingo (18), o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem afirmando que a futura ministra da Agricultura concedeu incentivos fiscais ao grupo JBS no período em que estava à frente da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Produção de Mato Grosso do Sul. Segundo a publicação, Tereza Cristina arrendava uma propriedade na cidade de Terenos (MS) a Joesley e Wesley Batista para a criação de bois.
Os documentos com a assinatura da parlamentar foram entregues pelos delatores da JBS em agosto do ano passado como um complemento da delação premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Ao Gaúcha Atualidade, Tereza Cristina afirmou que não arredava a propriedade e que a sua família, na verdade, tinha uma “estrutura de confinamento”, onde a “JBS, que à época já era forte na região, tinha um contrato de parceria pecuária”.
— Quando minha mãe faleceu, eu assumi o espólio e passei a tocar as coisas da família formalmente — disse. — Sempre tratei o assunto de maneira republicana. Estou à vontade e tranquila — declarou.
Sobre os incentivos fiscais, Tereza afirma que a JBS comprou a Seara na cidade “e foram feitos aditivos com aos contratos de benefícios já existentes”, que fazem parte de uma lei de benefícios fiscais no Estado.
— Foram assinados, não só por mim, pelo secretário da Fazenda, pelo governador, e passou pelo conselho. Porque nós temos uma lei de benefícios fiscais para aquelas empresas que queiram se instalar no Estado, trocando imposto por emprego — explicou.