Em depoimento à Justiça Federal em Curitiba, na tarde desta quarta-feira (14), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de alguns embates com a juíza substituta da 13ª Vara Federal, Gabriela Hardt. Em certo momento do testemunho, quando respondia questionamentos de Cristiano Zanin, um de seus advogados, o petista voltou a criticar o PowerPoint elaborado pelo procurador da República Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava-Jato. Na apresentação, o procurador afirmou que o petista é o "comandante máximo" do esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato.
Lula disse que aquele fato despertou nele uma vontade de pedir que filiados acionassem a Justiça contra o Ministério Público. A partir desse momento, ele e a juíza começaram a discutir:
— Eu, quando vi o PowerPoint, eu falei para o PT... eu, se fosse presidente do PT, pediria para que todos os filiados do PT no Brasil inteiro, prefeito, deputado... abrissem processo contra o Ministério Público para ele provar o PowerPoint — relatou Lula.
— O senhor está intimidando a acusação assim, senhor presidente. Por favor, vamos mudar o tom. O senhor está intimidando, o senhor está instigando e o senhor está intimidando a acusação e eu não vou permitir — disse a juíza, subindo o tom.
— Eu não estou intimidando. Eu estou apenas contando um fato verídico — respondeu Lula.
— O senhor não faça isso de novo. O senhor está estimulando os filiados ao partido a tumultuarem o processo e os trabalhos. Se isso acontecer, o senhor será responsável — afirmou Gabriela.
— Isso já passou. Isso era há três anos. Lamentavelmente não fizeram — disse Lula na sequência.
Zanin tentou interceder, mas a juíza seguiu afirmando que a postura de Lula era errada:
— Ele está instigando os filiados ao partido a tumultuarem e intimidarem o Ministério Público.
— Veja, a referência feita foi a processo judicial. Não acredito que a Justiça seja meio para instigar o Ministério Público — contrapôs o advogado.
— Mas tumultuar a Justiça, sim — rebateu a magistrada.
— Aí cabe análise judicial — disse Zanin. — Eu não acredito que a Justiça fosse meio de pressão contra o Ministério Público — acrescentou.
— Isso dito pela própria Justiça é grave — emendou Lula.
— Eu não estou falando que a Justiça vai deferir, mas você tumultuar a Justiça por meio de diversas ações, que vocês têm de responder, têm de contestar, têm de prestar informação, sim. Isso é intimidar, porque nos tira do nosso trabalho diário para ter de ficar respondendo intimações, informações e questões que não são pertinentes — argumentou a juíza.