O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), chegou por volta das 16h10min desta quinta-feira (29) à Unidade Prisional da Polícia Militar, no bairro Fonseca, em Niterói. Ele ficará preso no local devido à Operação Boca de Lobo. Ele foi preso na manhã desta quinta no Palácio Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro.
Pezão é acusado de receber uma mesada de R$ 150 mil e um "décimo-terceiro de propina" durante o período em que era vice-governador, na gestão de Sergio Cabral (MDB). O Ministério Público Federal alega que o esquema teria continuado após a saída de Cabral do governo, com Pezão assumindo "a posição de comando da organização criminosa".
Antes de chegar em Niterói, Pezão passou pela cadeia José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio, onde passou por uma triagem. Em Niterói, o governador do Rio ficará em uma sala especial, denominada de estado-maior, por prerrogativa legal do cargo público que ocupa. O local não tem características de uma cela.
Vice-governador assume
Após a prisão, o vice-governador Francisco Dornelles assumirá o governo interinamente. Em entrevista à GloboNews, ele disse que a ação era "uma violência" contra Pezão.
— É uma violência contra ele. Foi uma surpresa. Em primeiro lugar, vamos dar prosseguimento a todas as ações do regime de recuperação fiscal. Já conversei por telefone com o presidente Michel Temer, garantindo isso. Vamos também continuar com os trabalhos de transição. Falei hoje o governador eleito e já dei essa garantia a ele. Vamos procurar ter o melhor relacionamento com os principais poderes — afirmou, de acordo com o portal G1.
Lava-Jato no Rio
A prisão tem relação com fatos revelados no braço carioca da Operação Lava-Jato. O pedido partiu da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Pezão foi vice-governador do Rio na gestão de Sérgio Cabral (MDB), entre 2007 e 2014. Cabral está preso desde novembro de 2016, condenado a mais de 180 anos de prisão. A Lava-Jato atribui ao ex-governador o comando de um esquema milionário de corrupção e propinas.
A operação desta quinta-feira foi desencadeada tendo como base informações obtidas na delação premiada de Carlos Miranda, operador financeiro de Cabral. Segundo o delator, Pezão recebia mesada de R$ 150 mil quando era vice-governador.
A delação detalha ainda pagamento de 13º salário de propina e dois pagamentos de R$ 1 milhão como prêmio. Além de Pezão, outras oito pessoas também foram alvos de mandados de prisão.
Pezão é o terceiro governador do Rio de Janeiro preso e o primeiro em cumprimento do mandato. Os ex-governadores Anthony Garotinho e Sergio Cabral foram presos. Também foram detidos, anteriormente, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (MDB) e vários parlamentares da Casa.