
O presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), Gilberto Waller Júnior, revelou que parte do montante a ser ressarcido aos beneficiários por descontos indevidos pode ser obtido por meio da venda de bens dos investigados no esquema ilegal que gerou rombo estimado em R$ 5,9 bilhões. Até o momento, cerca de R$ 2 bilhões foram recuperados.
Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira (9), Waller explica que a medida é uma forma de diminuir o valor que o governo federal terá de desembolsar para cobrir o ressarcimento de todos os segurados afetados, caso as associações envolvidas não devolvam o montante solicitado.
— Nós entramos, via Advocacia-Geral da União, com outras medidas para bloquear não só os bens das instituições, mas os bens dos sócios (...) Então é deles que a gente tem de tirar primeiramente — disse em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
Conforme Waller, a partir da próxima semana, as vítimas poderão contestar os descontos e solicitar o ressarcimento usando a plataforma Meu INSS. A associação terá 15 dias para comprovar a autorização do débito e sinalizar o documento de identidade utilizado pelo segurado.
O presidente do órgão afirma que o governo federal vai assumir o montante que faltar para cobrir o rombo, mas não detalhou de onde sairá o dinheiro e como o pagamento será feito. Ele também não estabeleceu um prazo para que os segurados afetados sejam ressarcidos.
A expectativa do INSSS é devolver R$ 292.699.250,33 para aposentados e pensionistas entre 26 de maio e 6 de junho, informa o g1.
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Entenda
A Polícia Federal deflagrou há duas semanas uma operação que revelou esquema de fraude no INSS.
De acordo com a investigação, segurados do INSS eram registrados, de forma irregular e sem o conhecimento deles, em associações de aposentados. Com isso, havia descontos mensais nas aposentadorias e pensões. O dinheiro era direcionado a estas associações ou sindicatos.
O esquema seria viabilizado pelo vazamento de dados pessoais dos segurados e envolveria, além das associações, corretores.
Os descontos associativos na aposentadoria são legais, desde que feitos com conhecimento e autorização do aposentado ou pensionista. As associações oferecem benefícios como auxílios funerários, odontológicos e psicológicos, colônias de férias, academia e consultoria jurídica.