A Polícia Civil desencadeou a Operação Monet, na manhã desta quinta-feira (23), em Ivoti e em outras seis cidades gaúchas. Está sendo investigado um suposto esquema criminoso de direcionamento de licitações envolvendo a gestão 2013-2016 da prefeitura do município do Vale do Sinos, a autarquia Água de Ivoti, além de empresas privadas.
Ao todo, 82 policiais cumprem 15 mandados de busca e apreensão na cidade e em Presidente Lucena, Tupandi, Bom Princípio, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Canoas. São pelo menos quatro contratos sob suspeita envolvendo a diretoria da autarquia, empresários e ex-integrante do Executivo municipal entre 2013 e 2016.
A Água de Ivoti é responsável pelos serviços de saneamento e esgoto do município. Além de crimes licitatórios, são investigados possíveis crimes de associação e organização criminosa.
Investigação
O trabalho é da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária (Deat) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Os responsáveis pela investigação são os delegados André Lobo Anicet, Max Otto Ritter e Luciana Muniz Caon. A apuração começou a partir de pedido do Ministério Público (MP) de Ivoti.
A promotoria apontou suspeitas em relação a licitações e contratações emergenciais. Empresas com atuação na área de saneamento, esgoto sanitário e abastecimento de água teriam sido beneficiadas no esquema com contratações direcionadas. Os empresários teriam relação de amizade com agentes públicos da cidade.
A investigação ainda apontou possíveis irregularidades em serviços de consultoria, de recadastramento de usuários e de instalação de plaquetas com códigos de barra em hidrômetros do sistema de abastecimento de água do município de Ivoti. Também foram detectados problemas nos serviços de projeto elétrico de três subestações elétricas e na perfuração de três poços visando à ampliação da oferta da água da cidade.
A apuração teve auxílio do Ministério Público de Contas e da delegacia de Ivoti. O MP do município já ingressou com ação civil pública contra parte dos investigados, que não tiveram os nomes divulgados.
Contrapontos
A reportagem de GaúchaZH deixou recado e tenta contato com o ex-diretor da Águas de Ivoti, Baltazar Hansen. Já o ex-prefeito Arnaldo Kney (do PSDB, que governou a cidade entre 2013 e 2016), informou que é o maior interessado em esclarecer o assunto.
— Tenho 26 anos de vida pública, fui prefeito de Ivoti quatro vezes, uma em Lindolfo Collor. Tenho todas as contas aprovadas, apenas a da última gestão ainda está em análise — disse.
O ex-prefeito lamentou a ação ter ocorrido em residências envolvendo familiares. Por fim, disse que ingressou na Justiça contra pessoas que teriam iniciado os processos contra ele.
Procurado em nome da atual administração, o vice-prefeito, Roberto Schneider (PSB), afirmou que, quando foi vereador, integrou duas CPIs sobre a água na cidade. As comissões apontaram diversas irregularidades e a conclusão dos trabalhos foi levada ao MP, que pediu a investigação que culminou na operação desta quinta-feira.
Nome da Operação
Ivoti é conhecida como a cidade das flores, tema de muitas das obras do pintor impressionista francês Claude Monet.