O novo ministro do Trabalho, Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello, tomou posse na tarde desta terça-feira (10), no Palácio do Planalto, em cerimônia que durou menos de 10 minutos. O presidente Michel Temer foi o único a discursar no evento e evitou comentar as investigações de irregularidades na pasta, que levaram à saída do ministro anterior, Helton Yomura (PTB).
Diferente das demais indicações, que haviam sido realizadas por caciques do PTB, desta vez Temer resolveu tomar uma "decisão pessoal" sobre o comando da pasta. O presidente disse que a missão do novo ministro será dar sequência a políticas desenvolvidas anteriormente, como a reforma trabalhista.
— Esta modernização que nós fizéssemos naturalmente reduziu os litígios trabalhistas e estimulou contratações (de trabalhadores). Ao novo ministro, caberá levar adiante estas e outras transformações que estamos promovendo no mercado de trabalho — discursou Temer.
Após a posse, o novo ministro disse à imprensa que assumiu o cargo para levar uma atuação mais técnica à pasta. Questionado sobre o futuro dos indicados políticos do PTB em cargos no ministério, afirmou que ainda irá avaliar a situação, para manter "quem tem capacidade técnica".
— Eu vou administrar o ministério tecnicamente. Quem tiver capacidade técnica, fica — afirmou.
O ministro afirmou que, logo após aceitar o convite de Temer, se desligou de suas atividades no escritório de advocacia Sergio Bermudes, que tem em seu quadro a esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
Sobre as mudanças realizadas por Temer na legislação, ponderou que seria "precário omitir opinião sobre a reforma (trabalhista) porque ela não tem aplicação efetiva", referindo-se ao fato de as alterações estarem em vigor há pouco tempo – desde 11 de novembro de 2017.
Embora, em seu discurso, Temer tenha exaltado o que considera um novo momento para o país na área econômica e de geração de empregos, os últimos levantamentos mostram índices preocupantes, segundo avaliação de especialistas. Em pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na segunda-feira (9), o indicador que mede o medo do desemprego no país alcançou o pior nível da série histórica, iniciada em 1996. O índice subiu para 67,9 pontos em junho, empatado com os valores registrados em maio de 1999 e em junho de 2016.
Ao analisar os dados, o gerente-executivo de Pesquisas e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, disse que o resultado foi alcançado "porque a recuperação da economia está muito lenta e as pessoas ainda não perceberam a queda da inflação e a melhora no emprego".
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 13,2 milhões de brasileiros seguiam desocupados no segundo trimestre deste ano, 12,7% da população economicamente ativa. A pesquisa também identificou aumento da informalidade. No último trimestre, o número de empregados com carteira assinada caiu 483 mil em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, a quantidade de pessoas em desalento, que desistiram de procurar emprego, subiu — conforme o IBGE, seriam 60% dos 65 milhões de brasileiros fora da força de trabalho.