Política

Operação Registro Espúrio

Após ser afastado do cargo, ministro do Trabalho pede demissão

Helton Yomura é investigado por suposta ligação com esquema de fraudes na liberação de registros sindicais

Mateus Ferraz

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MATEUS BONOMI / AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
De acordo com um relatório da PF, o ministro teria sido posto no cargo com o objetivo de perpetuar um esquema criminoso

Depois de ser afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal, o ministro do Trabalho Helton Yomura pediu demissão nesta quinta-feira (5).  Em nota, o Palácio do Planalto informou a aceitação do pedido, agradecendo o petebista pela “sua dedicação à frente da pasta”.

O governo não confirmou o nome do substituto no comando do ministério, que também está sem secretário executivo desde a prisão de Leonardo Arantes no início de junho.

Yomura é investigado por suposta ligação com esquema de fraudes na liberação de registros sindicais. De acordo com um relatório da Polícia Federal, o ministro teria sido posto no cargo com o objetivo de perpetuar um esquema criminoso liderado por seus padrinhos políticos, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson e sua filha, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ).

A decisão de pedir demissão foi tomada depois que Jefferson anunciou que o PTB colocou o cargo à disposição do presidente Michel Temer.

Operação Registro Espúrio

 A terceira fase da Operação Registro Espúrio, segundo a PF, tem como objetivo de "aprofundar as investigações a respeito de organização criminosa que atua na concessão fraudulenta de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho."

Além de buscas no MTE, a PF cumpriu mandado de busca no gabinete do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP).

Yomura apresentou-se acompanhado por seu advogado por volta das 10h30 desta quinta-feira (5) e depôs por cerca de 1h. Como as investigações correm em sigilo, a PF não confirmou detalhes da operação. 

O presidente do PTB, Roberto Jefferson, afirmou nesta quinta-feira (5) que a Executiva Nacional do partido colocou o comando do Ministério do Trabalho à disposição do governo Michel Temer. Pelo Twitter, o ex-deputado admitiu que garantiu "apoio político" para que a legenda assumisse a pasta, mas negou participação em possíveis irregularidades.

"Pessoalmente, insisto: não participei de qualquer esquema espúrio no Ministério do Trabalho. E acrescento que minha colaboração restringiu-se a apoio político ao governo para que o PTB comandasse a Pasta", disse.

Contraponto

A defesa de Yomura divulgou nota, assinada pelos advogados César Caputo Guimarães e André Hespanhol. Leia a íntegra:

O ministro do Trabalho Helton Yomura adotou rigorosas providências institucionais para a garantia do interesse público, podendo se destacar: exoneração imediata de todos os servidores sob investigação, abertura de sindicância e processos administrativos para averiguação dos fatos e suspensão de todos os atos que pudessem provocar repercussões no âmbito da investigação.

Quanto à suspensão de suas funções no Ministério do Trabalho, todas as medidas jurídicas serão tomadas para possibilitar à turma do STF se manifestar sobre tal importante tema. Neste sentido, foi em razão do entendimento do próprio ministro Edson Fachin que foram encaminhados para o plenário do Supremo casos de grande repercussão.

Tendo a certeza de não ter cometido nenhum ato ilícito e que suas ações correspondem a uma política de valorização dos trabalhadores e das instituições, o ministro Helton Yomura, mesmo não sabendo de que atos está sendo acusado, nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade. 

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