A menos de quatro meses das eleições, o Rio Grande do Sul tem apenas quatro candidaturas consolidadas ao Senado. A indefinição em torno das alianças visando ao governo do Estado estão atrasando as escolhas do partidos para uma disputa que coloca em jogo duas das três vagas gaúchas na Casa.
Até agora, somente estão confirmados os nomes de Paulo Paim (PT) e Ana Amélia Lemos (PP), que tentam renovar o mandato, além dos dois candidatos da coligação PSOL-PCB, Romer Guex (Psol) e Cléber Soares (PCB). Outros quatro pretendentes buscam espaço: o ex-prefeito de Porto Alegre José Fortunati, o ex-deputado federal Beto Albuquerque, ambos do PSB, o ex-governador Germano Rigotto (MDB), e o empresário Sergio Suslik Wais, pelo Novo.
Por trás da demora no anúncio das chapas à eleição majoritária há uma intrincada rede de interesses pessoais e partidários. PT e PP, por exemplo, preferem apostar todo seu capital político em Paim e Ana Amélia, respectivamente, tentando assim garantir mais oito anos de mandato para a dupla.
No PP, há grande possibilidade de a senadora ser candidata única, deixando a segunda vaga em aberto. Por enquanto, a discussão gira apenas em torno de um companheiro para Luis Carlos Heinze na chapa ao governo.
— Estamos conversando sobre a vaga de vice-governador. É muito grande a chance de que tenhamos só um candidato ao Senado — afirma o presidente da sigla, Celso Bernardi.
No PT, a segunda cadeira está sendo guardada para eventuais aliados. O partido, porém, esbarra em dificuldades para formar alianças em torno de Miguel Rossetto, candidato ao Piratini, uma vez que há orientação para evitar parcerias com legendas que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Nesse contexto, as preferências são por PSOL, PDT, PC do B e PSB. O complicador é que os três primeiros têm candidatos ao governo do Estado, e os socialistas flertam com apoio à reeleição do governador José Ivo Sartori.
— Estamos com a segunda vaga em aberto. Essa definição só deve ocorrer no final de julho — diz o presidente Pepe Vargas.
Apesar da incerteza rondar quase todos os partidos, nenhum criou tanta confusão interna como o PSB. A sigla já tinha conhecimento de que Beto Albuquerque postulava o Senado quando atraiu José Fortunati com a promessa de ceder-lhe uma vaga. A situação ficou tensa, sobretudo porque Beto advoga apoio à reeleição de Sartori e considera praticamente impossível um partido do tamanho do MDB abrir mão das duas cadeiras na chapa ao Senado.
Uma reunião do diretório estadual do PSB, na quinta-feira (14), irá discutir a questão. Como Fortunati e Beto estão dispostos a ir até o fim com a candidatura, é provável que a situação só se resolva em 21 de julho, no congresso estadual.
Depois de ver PSDB, PP e PTB deixar sua base de apoio, Sartori até chegou a sinalizar que cederia as duas vagas ao Senado em troca da fidelidade dos socialistas. Para tanto, o governador teria que rifar Germano Rigotto, cuja candidatura tem o aval maciço de prefeitos e vereadores do partido.
— O MDB não vai abandonar Rigotto, mesmo que alguém do governo cogite isso. Até porque o PSB não é tudo isso para ter as duas vagas de senador — comenta uma testemunha das negociações.
Enquanto a conversa com Sartori não avança, outros dois postulantes ao governo do Estado têm solução pronta para o impasse dos socialistas. Eduardo Leite (PSDB) e Jairo Jorge (PDT) já ofereceram ao PSB as duas cadeiras ao Senado. No PDT, o presidente Pompeo de Mattos diz que há pessoas no partido interessadas em se candidatar, mas que as vagas estão guardadas para Beto e Fortunati. Já a aliança PSDB-PTB sequer dá esperanças a eventuais pretendentes internos.
– Poderíamos colocar alguém sem chance, só para ganhar projeção, mas não é o caso. Se o PSB quiser, tem as duas vagas – diz o presidente do PTB, Luiz Carlos Busato.
Em sua estreia em eleições nacionais, o Novo apostará em Wais, 70 anos, fundador da Gente Seguradora. Natural de Uruguaiana, Wais foi militante estudantil nos anos 1960, com participação no Movimento pela Legalidade e, mais tarde, na campanha Diretas Já, em 1984. O empresário garante que irá arcar com todas as despesas de sua campanha eleitoral e, se eleito, pretende abrir mão do salário de parlamentar. Também descarta cumprir o mandato até o fim.
OS PRÉ-CANDIDATOS
Paulo Paim (PT) – Deputado federal de 1987 a 2002, está no segundo mandato de senador e tenta a reeleição. Principal aposta do PT para a disputa.
Ana Amélia Lemos (PP) – Elegeu-se senadora na primeira eleição que disputou, em 2010, e quer renovar o mandato. Deve ser única candidata do PP.
Germano Rigotto (MDB) – Ex-deputado e ex-governador do Estado, busca uma inédita cadeira no Senado. Tem apoio maciço da base emedebista.
Beto Albuquerque (PSB) – Ex-deputado e candidato a vice-presidente em 2014 na chapa de Marina Silva. Defende candidatura única do PSB.
José Fortunati (PSB) – Ex-deputado e ex-prefeito da Capital. Migrou para o PSB com a promessa de que seria um dos candidatos do partido.
Romer Guex (Psol)– Ex-vereador em Viamão, trabalha na coordenação da bancada do Psol na Câmara de Porto Alegre.
Cleber Soares (PCB) – Servidor dos Correios, professor de História e militante da cultura popular.
Sergio Suslik Wais (Novo) – Aos 70 anos, o empresário fará sua estreia nas eleições nacionais. Wais é natural de Uruguaiana, na Fronteira Oeste, e fundador da Gente Seguradora.