O conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Domingos Brazão não compareceu ao depoimento na Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, na tarde de quinta-feira (14). Segundo o delegado Giniton Lages, que investiga as mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Brazão alegou ter prerrogativa de cargo para escolher a data para depor.
Quem compareceu ao depoimento foi o suplente do vereador Marcelo Siciliano (PHS), Marcelo Piuí. Os policiais querem saber se ele e Brazão têm alguma influência no depoimento prestado por um delator, que aponta envolvimento de Siciliano e do ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, nos assassinatos de Marielle e Anderson, que completaram três meses.
Piuí chegou às 15h50min e falou com os jornalistas à porta da DH. Ele se disse surpreso por ter sido convocado e sustentou que nunca havia ouvido falar em Marielle.
— Surpreso eu fiquei, não tenho a menor ideia do que eu estou fazendo aqui. Nunca nem tinha ouvido falar nela — disse Piuí, emendando que mantinha apenas uma relação política com Siciliano. — Relação cordial. Nem boa nem ruim. Relação política — completou.
Sobre Brazão, Piuí admitiu que o conhecia, mas que não tinha proximidade de amizade com o conselheiro afastado do TCE e ex-deputado estadual.
— Quem não conhece ele em Jacarepaguá? Quem falar que não conhece, está mentindo. Todos os políticos se conhecem. Relação cordial política. Só em inaugurações — disse.
Perguntado se ele se considerava suspeito no caso Marielle, o suplente de vereador negou enfaticamente:
— Nem uma maneira, de jeito nenhum. Menor chance.
Embora tenha alegado surpresa e dito que nem conhecia Marielle, Piuí só deixou a DH às 20h30min. A defesa de Brazão foi procurada, mas não atendeu aos telefonemas da reportagem.