O governo federal saiu em defesa das Forças Armadas e reagiu com desconfiança ao memorando escrito em 1974 pelo então diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos. O documento afirma que o ex-presidente Ernesto Geisel havia autorizado execuções de "subversivos perigosos" durante o seu governo.
— Nesses tempos de delações, de disse que disse, aprendi que é preciso ter muito cuidado com informações dessa natureza — afirmou o presidente Michel Temer ao jornal O Estado de S. Paulo.
Ao dizer que, ao receber a informação, "achou a história muito estranha", o presidente declarou ter chamado sua atenção o fato de as revelações virem de fora do país:
— Os documentos não são nacionais, são da CIA, uma entidade estrangeira. Nem tudo o que a CIA diz é necessariamente verdade, é uma verdade absoluta.
Temer também avaliou que "não há um só documento, um só registro, um só depoimento dos envolvidos" corroborando a versão da CIA, que agora vem a público graças ao pesquisador da FGV Mathias Spector. Temer questionou:
— E a gente sabe como é... Essas coisas sempre acabam sendo faladas. Como nunca foram faladas aqui no Brasil até agora? Será mesmo que o general Geisel saberia disso, teria autorizado isso? Isso não combina com o legado do presidente, conhecido pelo empenho em promover a abertura política, a volta à democracia.
Para ministro, documentos não afetam prestígio
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que a divulgação dos documentos da CIA não afeta o "prestígio" das Forças Armadas. Ex-ministro da Defesa, ele disse que o governo ainda não teve acesso ao documento de forma oficial, mas afirmou que alguma medida deve se tomada.
— Não estamos desconsiderando (o memorando), mas precisamos ter acesso de forma oficial. O prestígio das Forças Armadas permanece nos mesmos níveis. As Forças são um ativo democrático, isso não é tocado por uma reportagem — declarou Jungmann.
Jungmann foi evasivo, no entanto, quando questionado sobre quais medidas efetivamente devem ser tomadas.
— Não sou mais ministro da Defesa, quem deve tomar essa decisão são os responsáveis pela área.