O maior ato em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Operação Lava-Jato, desde que ele foi encarcerado na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba — há 24 dias, ocorreu nesta terça-feira (1º) . Sindicalistas, petistas, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), apoiadores e simpatizantes lotaram as ruas do acesso principal da superintendência desde a manhã. A Polícia Militar (PM) estima que cerca de 2 mil pessoas participaram da manifestação.
Desde a tarde de segunda-feira (30), 37 ônibus com sindicalistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e do interior do Paraná chegaram em Curitiba para o primeiro ato unificado das sete maiores centrais sindicais no Dia do Trabalho — CUT, Força Sindical, CTB, NCST, UGT, CSB e Intersindical.
Logo cedo, um dos sindicalistas que viajou para Curitiba caminhou até a sede da PF, onde um grupo de menos de cem pessoas ainda permanece acampado, a cerca de um quilômetro do prédio onde Lula está preso, em vigília.
Todos os dias, o grupo se concentra em uma encruzilhada de acesso ao portão principal da polícia, onde fica montada toda estrutura operacional do acampamento (como ponto de donativos, setor de comunicação, organização etc). É nesse ponto em que são feitos os atos, os discursos e os tradicionais gritos de saudação matinais: "Bom dia, presidente Lula" — hoje repetido sete vezes em coro e megafones.
Com o ato de 1.º de Maio, foram pelo menos quatro "Bom dias" ao presidente, muitos discursos de políticos que passaram pelo local, um ato ecumênico, cantorias, gritos de guerra em apoio a Lula e por sua liberdade e muitos xingamentos ao juiz federal Sergio Moro, titular da Lava-Jato, à juíza Carolina Moura Lebbos, responsável pela execução da pena do ex-presidente, aos procuradores e "à mídia golpista".
Plano B
O ex-governador da Bahia Jaques Wagner, amigo e um dos possíveis nomes de plano B do PT para substituir Lula na corrida eleitoral ao Planalto, passou pelo local, onde discursou.
— Não temos plano B, nem C, X, Y ou Z. Nosso plano é Lula livre, Lula candidato e Lula presidente — repetiu Wagner, aos manifestantes.
Wagner enalteceu os "40 milhões de pessoas" que Lula tirou da extrema pobreza e falou do momento único do ato.
— Nós veremos um movimento como nunca tenhamos visto. Esse 1.º de Maio tem a cara daquele que levantou a classe operária à partir das greves do ABC.
Passaram ainda pelo ato o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, outro nome cotado para ser o candidato do PT na disputa presidencial, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do partido, e outros políticos. O ato que conta com a participação das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo foi organizado para ser o maior evento do Dia do Trabalho. Durante a semana os organizadores falaram em reunir 25 mil pessoas na capital paranaense.
Para Haddad, Lula seria eleito se pudesse disputar o cargo de presidente. Mesmo inelegível pela Lei da Ficha Limpa, ele pode registrar sua candidatura até 15 de agosto.
— Por que privar o trabalhador do direito de escolher? Se as pessoas tivessem direito, elas votariam no Lula presidente — discursou.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o presidente do diretório do PT no Paraná, Dr. Rosinha, também participam da manifestação.
Na pesquisa Datafolha mais recente, de 15 de abril, Wagner teve 1% das intenções de voto no 1º turno. Outra alternativa petista, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad alcançou 2%. O ex-presidente Lula continuava na frente com até 31% das intenções de voto.
Por volta das 12h, o grupo se dispersou e seguiu - parte de ônibus, parte em caminhada - até a Praça Santos Andrade, na região central de Curitiba, onde ocorre nesta tarde o evento do Dia do Trabalho. O primeiro ato unificado dos sindicatos, tem como bandeira a "Defesa dos Direitos e por Lula Livre".