O ex-assessor do Planalto José Yunes afirmou, em depoimento à Polícia Federal na Operação Skala, ter contado ao seu amigo, o presidente Michel Temer (PMDB), sobre a entrega de "envelope lacrado grosso" do doleiro Lúcio Funaro a pedido do ministro Eliseu Padilha (PMDB). Yunes chegou a ser preso temporariamente no final de março no âmbito da ação da PF relacionada às investigações de suposto benefício concedido à empresa Rodrimar por meio da edição do Decreto dos Portos.
"Como é amigo do presidente, o encontra com certa frequência fora de situações de trabalho, em São Paulo. Sobre os fatos já noticiados relativos ao recebimento de documentos de Lúcio Bolonha Funaro, a pedido de Padilha, lembra-se de que se tratava de envelope lacrado grosso, da espessura de pouco mais de dois centímetros, que não era pesado", diz a transcrição do depoimento. "Na oportunidade, não recebeu nenhuma caixa por parte de Funaro", seguiu Yunes.
"Conhecia o ministro Padilha e tem a esclarecer, que com relação à pessoa de Padilha, tinha um relacionamento amistoso, em consideração ao presidente da República. Essa foi a única vez que Padilha lhe fez esse tipo de pedido. Jamais havia recebido pedidos de outras pessoas para receber encomendas ou documentos em seu escritório", diz o documento.
Yunes já é réu em processo por suposto envolvimento com o "Quadrilhão do PMDB" na Câmara. A Procuradoria destaca o papel dele no suposto recebimento de R$ 1 milhão do doleiro Lúcio Funaro em seu escritório de advocacia, para a campanha emedebista de 2014.
Ao prestar depoimento no âmbito da Operação Skala, o amigo e ex-assessor de Temer voltou a relatar às autoridades sobre o dia em diz ter recebido um "envelope grosso" do doleiro Lúcio Funaro a pedido do ministro Eliseu Padilha. Desta vez, disse ter contado sobre a entrega a Temer.
Yunes diz ter detalhado "para Michel Temer sobre o tal pedido, alguns dias depois, e que inclusive falou para Michel Temer que ficou estarrecido com a 'tal figura delinquencial', após tomar conhecimento através do Google sobre envolvimento em escândalos por Lúcio Funaro".
Ele já havia admitido, em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2016, o recebimento de R$ 1 milhão em seu escritório, e disse ter sido "mula" de Padilha. O dinheiro teria como origem o departamento de propinas da Odebrecht, segundo afirmam delatores.
Defesa
A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou que a defesa do presidente deve se manifestar a respeito do depoimento. A reportagem está tentando contato com a defesa, mas ainda não obteve retorno.