Dois dos mais ativos defensores do ideário de direita no país já escolheram seus nomes prediletos à corrida presidencial de 2018. Enquanto o coordenador nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri, anunciou apoio ao empresário Flávio Rocha, o pastor Silas Malafaia declarou intenção de fazer campanha para o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Ambos pretendem usar suas vasta rede de influência digital para buscar votos aos pré-candidatos.
Presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e com intensa atuação política, Silas Malafaia tem 2 milhões de seguidores no Facebook, 1,3 milhão no Twitter e mais 1 milhão no Instagram. O objetivo é não só divulgar as bandeiras de Bolsonaro como aproveitar o alcance da internet para atacar seus adversários.
— O quadro ficou muito resumido nesse espectro ideológico. Tem os candidatos de esquerda e os em cima de muro. Vou fazer como sempre tenho feito: usar as redes sociais para desmascarar o cinismo da esquerda, que defende lixo moral como o casamento gay e depois quer se fazer de amiguinho de evangélicos. Vou sentar o laço nesses caras —diz o pastor.
Malafaia apoiou o petista Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e os tucanos José Serra e Aécio Neves em 2010 e 2014. No ano passado, ele discutiu com simpatizantes de Bolsonaro e fez críticas diretas ao ex-militar. Há duas semanas, eles se reuniram no Rio, ocasião em que o pastor declarou o desejo de atuar na campanha.
— Tenho minha independência. Já reclamei de algumas posições extremas dele com as quais eu não concordava. Mas agora tendência é apoiá-lo— afirma.
Kim Kataguiri também flertou com Bolsonaro. Contudo, no artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo em que anunciou o apoio ao CEO da rede de lojas Riachuelo, Kataguiri disse que o ex-militar não tem "propostas concretas que alicercem seu discurso" e "não conseguirá dialogar com o Congresso".
Em contraponto, Rocha teria o "essencial ao bom político: a capacidade de colocar o interesse público acima de seus interesses pessoais", escreveu Kataguiri. Fundador do movimento político de tendência liberal do Brasil 200 – em alusão aos 200 anos de Independência, que o país completa em 2022 –, Rocha não é filiado a partido e já declarou, em fevereiro, que "é muito tarde para ser candidato".
— Ele concorda 100% com nossos ideais e é o candidato mais viável. Vamos ter novidades em breve — despistou Kataguiri, fazendo suspense com o futuro político do empresário.
Aos 22 anos, Kataguiri é estudante de Direito e deve se filiar ao DEM nos próximos dias. Ele pretende concorrer a deputado federal nas eleições deste ano.
Há duas semanas, o DEM realizou evento em Brasília para lançar a pré-candidatura ao Planalto do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O próprio Maia revelou ter convidado Kataguiri a se filiar ao partido. O ativista justificou a escolha pelo DEM porque o partido teria lhe garantido liberdade de ação. Agora, Kataguiri diz que pretende aguardar os próximos acontecimentos para ver se como se comportar caso Rocha seja adversário de Maia na disputa presidencial.
— Não dá para falar em conflito ainda. A definição do Flávio vai vir rapidamente, mas por enquanto é prematuro para se pensar nisso. Vou saber mais na frente o que vai acontecer —disse Kataguiri.