O Brasil está parado, sofrendo sequelas da paralisia econômica e proibido de crescer por três razões, na avaliação do pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes. A primeira, segundo ele, é que houve uma explosão do endividamento das famílias e das empresas. "Há um nível inédito de inadimplência do setor privado. O mercado não resolve, nunca houve essa capacidade", defendeu, durante palestra na Universidade de Sussex, em Falmer, a cerca de 70 quilômetros ao Sul de Londres, organizada pelo Sussex Brazil Group.
Nesse contexto, Ciro comentou que há uma alta concentração bancária no País, dividida entre apenas cinco bancos: três privados (Santander, Bradesco e Itaú) e dois públicos (Banco do Brasil e Caixa), responsáveis por 83% da movimentação das operações financeiras.
O segundo ponto, de acordo com Ciro, é que há um colapso fiscal no País "sem precedentes". O custeio, portanto, está comprometido, segundo ele, por causa "do que o golpe impôs", referindo-se à aprovação da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) no governo de Michel Temer, que coloca um teto para o crescimento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos. "A PEC (do teto dos gastos) é estupidez e vamos começar a assistir a selvagerias", disse, argumentando que não houve debate sobre o tema com a população e que milhões de pessoas ficarão sem escola por causa disso no futuro.
O terceiro tema apontado pelo candidato é o que chamou de matriz de consumo que gera desequilíbrios na conta corrente. Para ele, foram produzidos no País em alguns períodos ciclos de consumo que geraram felicidade para a população, mas que foram inconsistentes.
Ciro salienta que, o Brasil não produz, mas é consumidor de produtos e serviços de última geração, seja na área de tecnologia ou da indústria química ou farmacêutica, por exemplo. Isso, argumenta, leva a um impacto sobre câmbio.
"Eu vi um truque sendo feito, e nem quero duvidar da boa fé", disse, salientando a escolha de alguns governantes pelo tripé macroeconômico, de câmbio flutuante, meta de inflação e melhora fiscal. "Neste ponto, o crescimento econômico se torna um efeito colateral, se possível", observou. Ele disse também durante a palestra que não vê a iniciativa privada como uma abominação, mas que é preciso entender que não dá para remendar o sistema.
Sobre a ex-presidente Dilma Rousseff, Ciro Gomes diz que não faz bom juízo do seu governo, mas acredita que ela é uma pessoa honrada.