Depois de passagem marcada por protestos em Bagé, na Campanha, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seguiu para Santana do Livramento, na Fronteira Oeste. Na cidade fronteiriça com o Uruguai, discursou em um palco montado na Praça Internacional ao lado de Pepe Mujica, ex-presidente do país vizinho.
Em uma referência aos seus críticos, que denunciam que Lula pode deixar o Brasil para escapar de uma iminente prisão, rebateu:
– Passei ali na fronteira e poderia ter dado um pulo no Uruguai. Mas não dou. Sabem por quê? Porque, mais dias ou menos dias, quem vai sair do país são os meus acusadores de hoje. Eles que inventaram mentiras a meu respeito. A PF (Polícia Federal), o Ministério público, o juiz (Sergio Moro).
No evento público, que levou centenas de apoiadores do ex-presidente à principal praça da cidade, Lula reafirmou sua intenção de concorrer à Presidência da República em 2018. Disse que quer provar aos brasileiros que “eles” estão mentindo e que há o “dedo do governo americano em tudo o que está acontecendo no país”.
– Se o meu partido quiser, eu vou ser candidato à presidente da República. E, se for candidato, é muito provável que a gente ganhe as eleições no Brasil, porque o povo brasileiro sabe quem sabe cuidar dele. Eu não quero governar o Brasil. Eu quero cuidar do povo trabalhador e do povo pobre do meu país – emendou o ex-presidente.
Um dos momentos mais aguardados pelo PT na caravana de cinco dias de Lula pelo interior do Rio Grande do Sul, o ato político com Mujica passou por um imprevisto. A energia elétrica caiu na região, e, com as caixas de som desligadas, o evento precisou ser interrompido durante a fala do uruguaio. Depois de cerca de 15 minutos, a energia retornou e os discursos prosseguiram.
Mujica denunciou o que chamou de uma “mudança muito forte na América Latina nos últimos anos”: a ascensão da preocupação econômica ao invés da social. Para o líder uruguaio, a esquerda precisa se unir:
– Não somos nada se não nos juntarmos na América Latina. Eles nos querem pulverizados e divididos. Nós precisamos entender nossas diferenças e termos políticas comuns.
Rafael Correa, ex-presidente do Equador, também participou do ato. Em seu discurso, criticou a imprensa “burguesa corrupta” e afirmou que a direita conservadora “renasceu”.
– A injustiça que se comete contra um homem se comete contra toda a humanidade – declarou Correa, em uma referência a Lula.
Ainda dividiram o palco a ex-presidente Dilma Rousseff e os ex-governadores do Rio Grande do Sul Tarso Genro e Olívio Dutra. Às 17h30min, Lula deu fim ao evento:
– Está encerrado nosso caldeirão do Mujica e do Lula.
A caravana do ex-presidente segue, na terça-feira (20), para Santa Maria, na Região Central. Na cidade, o petista se encontra com reitores e diretores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e realiza mais um ato político.
Caravana começou com ato em Bagé
Em sua primeira visita ao Rio Grande do Sul desde que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre, confirmou a sua condenação em segunda instância, Lula encontrou clima de animosidade em Bagé, na Campanha. Protestos, confrontos e prisões marcaram a passagem do ex-presidente pela cidade na manhã desta segunda.
– Confesso que saio triste daqui, mas, se tem alguém que não gosta da gente, aviso que vamos voltar – disse o petista.