Uma análise da perícia aponta que a munição usada para matar a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) pertencia a lotes vendidos para a Polícia Federal (PF) de Brasília, em 2006. O lote é o mesmo encontrado em agosto de 2015 em Osasco e Barueri, em São Paulo, na chacina que deixou pelo menos 17 mortos.
A investigação da polícia paulista descobriu, na época, que parte das cápsulas encontradas no local do crime pertencia ao lote UZZ-18, comprado pela PF de uma empresa privada. Três policiais militares e um guarda civil foram condenados pela chacina.
É comum o desvio deste material comprado por órgãos oficiais e o reaproveitamento de cápsulas de projéteis já disparados. No caso de Marielle, a perícia identificou que a munição do lote UZZ-18 é original, ou seja, nunca foi recarregada.
O promotor Marcelo Oliveira, que representou a acusação nos julgamentos em Osasco, lembrou que o Estado vizinho chegou a ser citado em um dos depoimentos.
— No depoimento de um capitão do Exército, chamado pela defesa, houve a menção de que um sargento havia extraviado munições e enviado para o Rio. Ele foi mandado embora da corporação, segundo esse capitão — detalhou o promotor.
O promotor destacou a necessidade de que o caminho da munição seja investigado no caso do Rio para que se chegue aos culpados.
— Se essa situação do lote realmente for confirmada, é claro que há um descontrole muito perigoso em relação a armas e munições. E fica claro para qualquer um que a suspeita recai sobre integrantes de forças de segurança — disse.
A vereadora morreu com tiros de pistola calibre 9 mm, o mesmo modelo de arma usado por agentes de segurança. A PF instaurou um inquérito, nesta sexta-feira (16), para apurar a origem da munição.