A página do PSOL no Facebook está recebendo ataques de usuários que acusam Marielle Franco, a vereadora assassinada na quarta-feira (14) à noite, e outros parlamentares da legenda de agir "em defesa de bandidos" — por isso, alegam que pedir a prisão de seus assassinos seria uma contradição. Nos últimos posts compartilhados pelo partido em memória de Marielle, há dezenas de comentários com esse teor, muitos deles em tom de deboche.
"Quem procura acha! Que os assassinos da vereadora do PSOL sejam tratados com dignidade e respeito!", diz um deles. "Acho que os assassinos merecem uma segunda, e até terceira chance!", zomba outro. "Que o PSOL pare de passar a mão na cabeça de marginal", afirma outro. "O PSOL só está colhendo o que planta todos os dias", ataca mais um.
Em outros comentários, usuários alegam que Marielle e seus pares não pediam justiça para a morte de policiais — no ano passado, foram mais de 130 — e agiam com "dois pesos e duas medidas".
Os ataques são tantos, que superam, em número, as mensagens de solidariedade pela perda da parlamentar. Marielle tinha 38 anos e foi a quinta vereadora mais votada do Rio. Seu assassinato, uma provável execução, segundo a polícia, vem motivando manifestações públicas, nas redes sociais e também no Exterior.
O PSOL tem entre suas principais bandeiras a defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos humanos básicos, em especial de mulheres, negros e da população LGBT. Nascida no Complexo da Maré, conjunto de favelas da zona norte do Rio, Marielle concentrava sua atuação na defesa das populações marginalizadas.
A reportagem entrou em contato com parlamentares do PSOL e lideranças do partido no município e no Estado nesta sexta-feira (16), para falar sobre os ataques recebidos, mas não conseguiu contato. O espaço está aberto para manifestações.
Repercussão nas redes
Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP), da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que a morte de Marielle mobilizou 567,1 mil menções no Twitter entre as 22h de quarta e as 17h de quinta-feira. Segundo a instituição, foram identificados dois picos de menções no período: um por volta de 23h50min de quarta, com média de quase 594 tuítes por minuto, e outro a partir das 10h50min de quinta, com 552 tuítes por minuto. Entre as interações mapeadas pela DAPP, 88% vinha de perfis que destacavam o luto e a trajetória da vereadora, enquanto outros 7% foram provenientes de perfis que criticavam a esquerda e defendiam medidas duras na segurança.