O presidente Michel Temer disse, nesta sexta-feira (23), que a responsabilidade sobre os resultados da intervenção na área de Segurança do Rio de Janeiro será do governo federal. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, de São Paulo, afirmou que as Forças Armadas não deverão ser culpadas por um eventual fracasso da medida.
— Se não der certo, não deu certo o governo. Porque o comando é do presidente da República. Se não der certo, foi o governo que errou, não as Forças Armadas — argumentou.
O presidente elogiou a disponibilidade dos comandantes militares em assumirem a missão, e ressaltou que acredita no sucesso da intervenção, que teve início na semana passada.
Temer admitiu que, durante as discussões sobre a ação, chegou a ser cogitado o afastamento do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Com isso, a União conduziria uma intervenção total no Estado. Mas, segundo o presidente, ele descartou a hipótese por ser uma "coisa muito radical".
— Cogitou-se num primeiro momento, mas logo afastei a ideia. Seria uma coisa muito radical, logo refutei. Ficamos com a conclusão que deveríamos intervir na área de segurança pública — pontuou.
Temer não quis revelar de onde partiu a ideia de intervenção total. Disse que a possibilidade foi levantada em "conversas genéricas". Diante da ação específica na área de Segurança, o comando das polícias passou ao general Braga Neto, do Exército. Nas demais áreas, a responsabilidade permaneceu com Pezão.
O presidente confirmou que a criação do Ministério da Segurança Pública deve ser oficializada na segunda-feira (26), mas não quis adiantar quem irá comandar a pasta. Segundo Temer, o ministério deve ser criado por Medida Provisória, que se justifica pela "urgência e relevância", e também porque passaria pelo Congresso. A iniciativa contraria o presidente do Senado, Eunício Oliveira. Ele defendeu que o assunto deveria ser tratado em um projeto de lei.
Questionado sobre as denúncias de corrupção que foram engavetadas na Câmara, Temer disse que "em nenhum momento" teve a preocupação de perder o cargo de presidente. Reiterou que não se envolveu nas irregularidades da JBS, e reclamou da cobertura da imprensa sobre o caso.
— A imprensa começa a dizer que você é corrupto, você é corrupto, e aquilo pega — disse o presidente.
Sobre as eleições de outubro, Temer voltou a dizer que não será candidato. Ele negou que a intervenção no RJ seja uma "jogada eleitoral".