O presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, disse ao Atualidade na manhã desta segunda-feira (12) que a polêmica envolvendo declarações do diretor-geral da PF, Fernando Segovia, causou uma repercussão negativa entre os delegados e que a credibilidade do órgão foi afetada.
A agência de notícias Reuters publicou na sexta-feira (9) uma entrevista na qual Segovia afirmava que a PF deveria arquivar uma investigação envolvendo o presidente Michel Temer. A agência de notícias corrigiu a reportagem, mas manteve a informação de que Segovia teria dito não haver indício de crime no caso.
— Desde que a reportagem foi publicada na última sexta-feira a repercussão interna é muito negativa entre os delegados porque não se espera que nenhum dirigente ou outro delegado que não seja da investigação se manifeste sobre uma investigação em andamento. E particularmente numa investigação que envolve o presidente da República — afirmou.
Paiva disse ainda que as declarações causam um efeito na investigação, já que o resultado obtido a partir de agora pode estar comprometido:
— Se o delegado Cleyber ao final da investigação concluir que não há elementos pode ser interpretado que ele cedeu às pressões, se ele concluir que há elementos e pedir o indiciamento do presidente da República as declarações do diretor-geral da PF ficam de certa forma precárias. Causa um problema de credibilidade para a PF e para a investigação.
O presidente da ADPF disse ainda que as declarações foram recebidas com surpresa pela corporação e que também causou incômodo a informação de que o diretor-geral estaria cogitando uma possível punição ao delegado Cleyber Malta Lopes, que conduz a investigação do caso do presidente.
— Nos incomodou bastante o ponto em que ele cogita uma possível punição do delegado por ter feito perguntas ao presidente. Fazer perguntas ao presidente ou a qualquer investigado é uma prerrogativa do delegado no desempenho da investigação. É uma obrigação.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Segovia teria dito que não pretende pedir demissão do cargo após a polêmica. Paiva disse ainda que os delegados aguardam as explicações que Segovia dará ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, sobre o caso. Segovia nega ter afirmado que a investigação seria arquivada.
— Ele pode explicar melhor qual foi a falha de interpretação que pode ter ocorrido.
Confira o áudio da entrevista: