A nove dias do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Porto Alegre, o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), Carlos Eduardo Thompson Flores, se reúne nesta segunda-feira (15) em Brasília com a cúpula do Judiciário.
Thompson Flores tem audiência marcada às 10h com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e, às 16h30min, com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Nos encontros, o desembargador fará novo relato sobre ameaças sofridas pelo TRF4, irá detalhar o esquema de segurança que está sendo planejado para o julgamento do dia 24 e agradecer a cooperação entre as instituições. Em ofício enviado ao STF e à Procuradoria-Geral da República (PGR) no início do mês, Thompson Flores já havia informado sobre as intimidações ao tribunal, a maior parte veiculadas na internet. Além dos avisos sobre eventuais ataques aos magistrados, houve manifestações inclusive de gente que falou em atear fogo à sede do TRF4.
Todas as ameaças foram comunicadas à Polícia Federal. Agentes têm monitorado redes sociais, sites e já estão encarregados de garantir segurança aos três desembargadores da 8ª Turma, responsáveis pelo julgamento de Lula. Equipes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também atuam de forma preventiva, coletando informações sobre as mobilizações a favor e contra Lula organizadas para o dia 24. O objetivo é evitar conflito entre os grupos antagônicos e sobretudo antecipar e neutralizar qualquer ação que coloque em risco os integrantes do TRF4.
Nesta semana, começam a chegar à Capital policiais militares vindos do Interior e do Litoral para reforçar o contingente que será empregado pela Brigada Militar (BM) durante o julgamento. Foram convocados soldados do Comando de Policiamento da Capital (CPC) que estão na Operação Golfinho e membros do Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Santa Maria e de Passo Fundo. A BM não informa o efetivo a ser empregado na operação, mas estimativas extraoficiais apontam para mais de 1 mil homens no entorno do TRF4 e no Parque Moinhos de Vento, onde ficarão instalados os grupos hostis a Lula. Já o PT pretende reunir em torno de 50 mil pessoas.
Para facilitar o trabalho da BM, que irá congelar o perímetro no entorno do tribunal, não haverá expediente em vários órgãos públicos das proximidades, como a Câmara de Vereadores, a Justiça Federal e na Procuradoria Regional da República da 4ª Região. O mesmo deve ocorrer nos ministérios da Fazenda e da Agricultura, localizados na Avenida Loureiro da Silva. Além da acesso controlado, não haverá circulação de veículos nas redondezas.