Para reforçar a segurança durante o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal - 4ª Região (TRF4), o Comando de Policiamento da Capital (CPC) suspendeu as férias dos policiais militares na segunda quinzena de janeiro. A orientação do comandante, coronel Jefferson de Barros Jacques, é de que os servidores reagendem o descanso para depois de 25 de janeiro, um dia após a sessão na Corte.
GaúchaZH teve acesso a um ofício em que um comandante de um batalhão da cidade detalha a ordem superior. O policial destaca que as férias nesse período só serão permitidas em "casos especiais".
A reportagem ligou para Jacques no fim da noite de quarta-feira (10) e leu trechos do documento. O coronel não negou a ordem, mas evitou comentar o assunto por se tratar de uma "questão interna". GaúchaZH ainda conversou com o subcomandante da Brigada Militar, coronel Mario Ikeda, e com o comandante da corporação, Andreis Silvio Dal'Lago. Os dois não falaram sobre o tema com o argumento de que a operação é sigilosa e que o CPC tem autonomia para tomar medidas desse tipo.
A suspensão das férias de PMs não é a única medida que visa a aumentar o efetivo da Brigada Militar durante a análise do caso triplex. GaúchaZH mostrou na quarta-feira (10) que 600 policiais militares de Porto Alegre, cedidos para a Operação Golfinho, retornarão à Capital às vésperas do julgamento e ficarão na cidade por seis dias.
O total de policiais envolvidos na operação do dia 24 não é informado. Procurada, a Secretaria Estadual de Segurança afirma que o assunto está sendo tratado pelo Gabinete de Gestão Integrada e que ainda não há nenhuma definição.
Reportagem de GaúchaZH já havia apurado também que a expectativa é de que sejam usados cães, tropas a cavalo, helicópteros e até atiradores de elite no topo dos prédios ao redor do TRF4. O esquema proposto é semelhante ao montado para o depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, no ano passado, quando mais de 3 mil homens foram arregimentados.
O julgamento
A análise da apelação do ex-presidente no processo no qual foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro foi marcado pelo presidente da 8ª Turma do TRF4, desembargador Leandro Paulsen. A sessão ocorrerá 196 dias após a sentença de primeira instância, proferida por Moro em 12 de julho, quando Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão.
Na sentença original, Lula foi considerado culpado por ter recebido R$ 2,4 milhões em propina da construtora OAS: R$ 1,1 milhão na aquisição de um tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e mais R$ 1,3 milhão na reforma e decoração do imóvel, tendo ocultado e dissimulado as vantagens indevidas.
Em troca, teria direcionado à empreiteira contratos na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR) e na Refinaria do Nordeste Abreu e Lima (RNEST). Além do tempo de reclusão, Lula foi condenado a pagar multa de R$ 669,7 mil.