O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, chamou de "extraordinária" a relação dele com o secretário estadual da Segurança, Cezar Schirmer. Em entrevista ao programa Gaúcha+, nesta quinta-feira (4), Marchezan negou que haja um mal-estar entre os dois, após o secretário afirmar que "não há essa necessidade" de acionar a Força Nacional e o Exército — como foi pedido pelo prefeito — durante o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na Capital, em 24 de janeiro.
— A crítica é porque precisa de fogo para ter notícia, porque,entre mim e o secretário Schirmer, nossa relação é extraordinária (...) Em muitas áreas, nossa relação com o governo do Estado é muito boa. Agora, nas áreas de saúde e segurança, ela é extraordinária — disse.
— Não há esse constrangimento, o que houve foi uma manifestação legitimando qualquer ação do governador, do secretário Schirmer, da Brigada Militar, da Polícia Civil, qualquer decisão do governo do Estado, em pedir ajuda ao governo federal ou do governo federal em nos ajudar — disse Marchezan.
Segundo ele, o direito fundamental de manifestação "não pode afetar todos os outros direitos fundamentais de todos os outros cidadãos". Nesse cenário "de tantas manifestações", Marchezan afirmou que a prefeitura não vai ficar "inerte".
Questionado ainda sobre uma suposta falta de confiança no trabalho da Brigada Militar, por ter acionado as forças nacionais, o prefeito negou e afirmou que confia "gigantescamente" na BM e na Polícia Civil e que "só tem elogios" a essas corporações.
— Queremos todos os apoios que eventualmente forem necessários e todas as forças policiais terão respaldo da autoridade da prefeitura nesse sentido, porque a gente não sabe o que pode acontecer até o dia 24 e no dia 24.
Confira a entrevista do prefeito ao Gaúcha+
Pedido do prefeito
Durante a manhã, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Schirmer disse que o clima de raiva, ódio e acirramento no país não contribui para nada e, por isso, não haveria necessidade do reforço na segurança solicitado pelo prefeito.
— Não podemos transformar Porto Alegre em uma praça de guerra — afirmou o secretário.
Segundo ele, há mais de duas semanas representantes de órgãos dos governos federal, estadual e municipal vêm se reunindo, em um gabinete de crise, para traçar estratégias para "manter a pacificação" no dia do julgamento. Na quarta-feira, houve nova reunião do gabinete e, segundo Schirmer, em nenhum momento houve acerto para que a prefeitura pedisse o apoio da Força Nacional e do Exército.
— Este é um assunto técnico, nós temos de tratá-lo dessa forma. Claro que eu respeito a posição do prefeito Marchezan, que foi no sentido de auxiliar, mas obviamente que as forças que tratam desses assuntos elas estão trabalhando de forma adequada. O nosso papel é no sentido de estimular um clima de pacificação e serenidade — disse o secretário.