Entidades empresariais pressionam deputadosAliadas do Piratini na tentativa de obter da Assembleia aval para o Estado aderir ao regime de recuperação fiscal da União, as entidades empresariais prometem voltar à carga para garantir apoio de um número maior de deputados na votação prevista para o final de janeiro do próximo ano. A pressão já foi exercida nos últimos dias para a sessão extraordinária convocada para sexta-feira, encerrada sem a questão ser decidida no voto.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry, avalia que a responsabilidade de dar fôlego às finanças gaúchas é responsabilidade também da Assembleia. Além de enviar correspondências aos deputados, Petry, vice-presidentes e diretores da entidade conversaram pessoalmente com parlamentares, estratégia que será repetida.
— No próximo ano teremos eleições e os partidos que têm candidato e querem ganhar terão o mesmo problema de não ter dinheiro para nada — alerta Petry.
Para a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), a linha a ser adotada é a de convencimento de deputados e população por meio de espaços na imprensa, redes sociais e contato pessoal com parlamentares.
— Vamos retomar o que já fizemos e identificar quem são os deputados que agora votariam contra, mas poderão ser favoráveis. Não é pressão, mas conscientização— diz o economista Lucas Schifino, gerente da assessoria parlamentar da Fecomércio-RS.
Utilizar redes sociais para levar à população argumentos favoráveis ao acordo também é a tática da Agenda 2020, embora os deputados sejam o alvo final da pressão. O presidente do conselho superior da entidade, Humberto Busnello, diz que a atenção maior foi para deputados que mostravam indecisão. A tentativa é de ressaltar a responsabilidade do parlamento.
— Propomos um debate sério e transparente. O futuro de 11 milhões de gaúchos é mais importante do que um mandato — compara Busnello, referindo-se ao receio de parlamentares de serem prejudicados na tentativa de reeleição pelo posicionamento em relação à adesão ao acordo com a União.
Os argumentos das entidades empresariais para apoiarem o Piratini são basicamente dois: o fôlego financeiro pelo fato de o Estado ficar ao menos três anos sem pagar as parcelas com a dívida da União e as contrapartidas de redução de gastos e venda de estatais, enxugando a máquina pública. Esses pontos, avalia Schifino, se sobrepõem ao fato de o acordo ser apenas uma protelação da dívida, que depois do prazo de carência deverá ser paga.
— Não costumamos defender medidas que signifiquem apenas empurrar os problemas com a barriga, mas sabemos do caráter emergencial — diz o economista.
Do outro lado da trincheira, o funcionalismo público também promete manter a mobilização.
— Seguiremos trabalhando. Orientamos nossos dirigentes e representações a manter o contato com os deputados no Interior e locais de veraneio — revela o presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (Fessergs), Sérgio Arnoud.
Para a entidade, com a adesão o Piratini perderá soberania para governar o Estado.