A Justiça pode decidir nesta terça-feira (26) se acata o pedido de prisão domiciliar encaminhado pela defesa do deputado federal Paulo Maluf (PP), preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Em entrevista ao programa Timeline da Rádio Gaúcha, o advogado do político, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que a situação do cliente "é um escândalo, sob o aspecto político, internacional".
Ele argumenta que Maluf foi injustiçado por não ter direito ao duplo grau de jurisdição, que é o que permite que um processo seja reanalisado por uma instância superior, além de estar cumprindo regime fechado, quando haveria, na avaliação dele, a possibilidade do regime semiaberto.O deputado do PP foi condenado a cumprir pena de 7 anos, 9 meses e 10 dias por crime de lavagem de dinheiro.
— Ele deve ser hoje o único de todos os 760 mil presos que não teve direito ao duplo grau de jurisdição (...). Qualquer país civilizado dá o direito ao cidadão a ter um duplo grau. Então já é uma coisa grave — disse.
Na última sexta, o juiz substituto do Distrito Federal Bruno Macacari negou liminarmente o pedido da defesa para que o ex-prefeito de São Paulo fosse transferido para regime de prisão domiciliar. No entanto, a defesa tem até esta terça para que documentos sobre o estado de saúde fossem juntados aos autos. Segundo Kakay, a idade de Maluf, de 86 anos, já garante o direito de cumprir a pena em casa e que "o ideal seria que o sistema beneficiasse a todos":
— O último censo aqui em Brasília constatava que havia apenas um prisioneiro com mais de 80 anos e já morreu. Então não há nenhuma excepcionalidade. Todos nós conhecemos a fragilidade dos presídios brasileiros.
O advogado ainda reforçou que Paulo Maluf está contando com a "gentileza" dos "colegas de cela".
— Ele tem câncer, fez cinco radioterapias, tem problema de coração, teve infarto, tem gravíssimo problema de locomoção, a sorte é que ele está sendo muito bem tratado na Papuda, e os colegas de cela, vamos chamar assim, estão sendo absolutamente gentis. Ele não consegue levantar da cama, eles ajudam. Eles ajudam a tomar banho, a ir ao vaso sanitário — relatou.
Kakay ainda falou que está acostumado a defender "inimigo público número 1" e que concorda com a afirmação de que o Judiciário é "lento e ineficiente".