O presidente Michel Temer admitiu nesta segunda-feira (6), pela primeira vez, a possibilidade de uma derrota do governo ao tentar aprovar a reforma da Previdência. Temer reconheceu que a principal reforma do país pode não ser votada em seu governo e, resignado, afirmou que um eventual fracasso não significa que seu governo "não deu certo".
Numa reunião no Planalto com ministros e deputados de 11 partidos da base governista, reconheceu que reforma deve ser menor que a prevista inicialmente e fez um apelo para que os parlamentares tentem votar, se não o conjunto do pacote, pelo menos alguns pontos propostos pelo Planalto.
— A reforma da Previdência não é minha, não é pessoal, mas é do governo compartilhado — completou, ressaltando que uma eventual derrota, caso não consiga votar a medida, não vai inviabilizar o governo.
Segundo o presidente, que citou "centenas" de medidas aprovadas pelo Congresso, a reforma da Previdência é uma espécie de "fecho" das reformas.
— A reforma da Previdência é a continuação importante, fundamental, para uma espécie de fecho das reformas que nós estamos fazendo. Continuarei me empenhando nela, vou trabalhar muito por ela. Embora não se consiga fazer todo o conjunto que ela se propõe, avançamos até um determinado ponto — destacou Temer.
No Planalto, auxiliares reconhecem que a idade mínima é o eixo central e mínimo para que a reforma tenha algum efeito e mantenha o discurso de vitória do governo.
Temer disse ainda que vê na mídia afirmações de que se o governo não aprovar a reforma da Previdência ele não terá dado certo.
— Às vezes, até personificam, falam: "se o Temer não aprovar..." — disse.
Segundo ele, o tema será debatido e esclarecido com a sociedade e os congressistas devem representar a vontade do povo.
— Se em um determinado momento a sociedade não quer a reforma da Previdência, a mídia não quer e a combate, e se o Congresso não quiser aprová-la, paciência. Eu continuarei a lutar por ela — afirmou.
Convencido de que seu governo tem dado certo até hoje, Temer citou a derrubada das duas denúncias contra ele pela Procuradoria-Geral da República e falou em "gratidão" aos parlamentares pelo apoio. O presidente disse ainda que superou as adversidades e é um governo que deu certo "até hoje, que não falhou" e que "gestos inadequados praticados por algumas figuras acabaram atrasando essa reforma".
— Se não fosse aquela coisa desagradável que aconteceu meses atrás já teríamos aprovado — assinalou.
Outros dados
Temer também citou a simplificação tributária, disse que pode haver redução de impostos e que se até o final do ano conseguir levar também a simplificação tributária adiante o saldo de dados positivos de seu governo será ainda maior.
Como tem feito em seus discursos, o presidente abriu sua fala aos líderes munido de anotações com uma série de dados econômicos. Destacou a redução dos juros e da inflação e afirmou que a previsão é de que a Selic encerre 2017 a 7% ao ano. Ele lembrou que assumiu a presidência em uma recessão e que, superada essa fase, o "país voltou".
Temer salientou que fez centenas de medidas em apenas 18 meses e que há muito por fazer até o fim do seu mandato. O presidente destacou que é importante verbalizar os dados econômicos, citou safra agrícola, a produção de veículos, as exportações e também a retomada do emprego.
— Nós estamos combatendo o desemprego — frisou.
O presidente citou ainda os índices recordes da Bovespa e afirmou que tudo isso mostra a confiança no Brasil.
— Há uma recuperação nítida da economia — disse.
O presidente citou ainda a recuperação das estatais e destacou que elas tiveram prejuízo de R$ 32 bilhões em 2015 e agora lucro de R$ 17,3 bilhões no primeiro semestre. Segundo ele, há uma crença muito grande lá fora no Brasil.
— Há uma ideia de que as aplicações são rentáveis. Sem embargo das dificuldades e das infâmias contra o governo, continuamos trabalhando. Os próximos 14 meses ainda serão de muita prosperidade — prometeu.