O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta terça-feira (7) que o governo não vai recuar na reforma da Previdência e acredita que há a possibilidade de aprovação do texto ainda este ano. Ele avalia que a declaração do presidente Michel Temer na segunda-feira (6) foi um reconhecimento da dificuldade que é a reforma, um tema controverso não apenas no Brasil, mas no resto do mundo.
Temer admitiu, pela primeira vez, a possibilidade de uma derrota do governo ao tentar aprovar a proposta
— Se não quiserem aprová-la, paciência, mas eu continuarei a lutar por ela — disse o presidente da República, ao falar da reforma da Previdência.
— O presidente (Temer) reconheceu as dificuldades para as lideranças partidárias, que estavam expressando suas preocupações. Não há país em que foi aprovada a reforma da Previdência sem controvérsias, sem dificuldade — afirmou Meirelles a jornalistas nesta terça na capital paulista.
O ministrou acrescentou:
— Temer reconheceu uma realidade. A ideia é ir para a discussão e para a votação (da reforma).
Meirelles ressaltou que é preciso reconhecer as dificuldades para que se possa enfrentá-las. O ideal, disse ele, é aprovar o texto ainda este ano, mas se não for possível, o governo vai tentar no ano que vem.
O ministro salientou também que o número de dias úteis este ano é limitado, mas vê chances de aprovação.
— Idealmente deve ser votada este ano e vários líderes estão dispostos a trabalhar nessa direção. Se não der, tem que se enfrentar no próximo ano. Mesmo os partidos que são contra (a reforma), é bom que torçam para que a reforma seja aprovada para não terem que enfrentar este problema caso ganhem as eleições — afirmou Meirelles.
O ministro ressaltou que o governo tem enfatizado aos parlamentares que a reforma da Previdência não é uma questão de escolha, mas uma questão fiscal.
— Ela terá que ser feita em algum momento — disse, observando que se não for aprovada neste governo, será o primeiro desafio do próximo presidente.
Meirelles afirmou que o crescimento das despesas com Previdência no Brasil é insustentável e que, sem reformas, o pagamento de aposentadorias e benefícios vai ocupar 80% do Orçamento Federal, deixando o governo sem espaço para outros gastos.
— A reforma visa a preservar a capacidade do País de ter o governo funcionando — destacou Meirelles.
A idade média de aposentadoria no Brasil é de 59 anos, enquanto no México, país de características socioeconômicas similares ao Brasil, é 71, afirmou o ministro. A proposta definida pelo relator, o deputado Arthur Maia, tem economia fiscal de 75% do texto original apresentado pelo governo no Congresso. Se retirar pontos, esta economia vai se reduzir, afirmou o ministro.