A defesa do empresário Joesley Batista protocolou pedido, na quarta-feira (23), para que a comissão parlamentar de inquérito (CPI) da JBS cancele o depoimento do empresário ao colegiado, marcado para o próximo dia 29 de novembro. No requerimento, os advogados indicam que o dono da empresa de frigoríficos usará o direito ao silêncio e, portanto, não responderá aos questionamentos feitos pelos parlamentares. Por conta disso, a defesa argumenta que manter a oitiva "poderá acarretar elevados e desnecessários gastos públicos".
O pedido é direcionado ao presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO). Nele, os advogados lembram que, se mantida a oitiva, Joesley Batista será o quarto convocado pelo colegiado a ficar em silêncio desde que os trabalhos começaram. Isso porque o irmão de Joesley, o empresário Wesley Batista, o executivo Ricardo Saud e o diretor jurídico do grupo J&F também se negaram a falar quando compareceram à comissão.
"Por três vezes, portanto, este órgão de investigação preliminar utilizou-se de toda estrutura do aparato estatal para que os colaboradores previsivelmente — e para o reclamo de alguns parlamentares — exercessem, pois, e novamente, o direito ao silêncio", lembrou o documento. "Assim, e diante do cenário acima descrito, a decisão de manter a oitiva do ora requerente poderá acarretar elevados e desnecessários gastos públicos pela 4ª vez".
Os advogados destacam também toda a estrutura estatal que será usada no caso da manutenção do depoimento de Joesley.
"Fato é que tem custado muito caro aos cofres públicos — que não são nada senão o bolso dos cidadãos brasileiros — seja em termos de mobilização de recursos humanos (equipes da Polícia Federal, por exemplo) seja em termos de elevados custos para o transporte dos colaboradores que estão custodiados, o uso de avião da Polícia Federal na transferência (ida e volta) dos custodiados, custos com estadia dos agentes, preparação da estrutura desta Casa Legislativa, etc", justificam os defensores.
Além disso, o pedido cita o "constrangimento" ao qual as testemunhas que ficaram em silêncio foram submetidas na CPI. Isso porque, mesmo com a decisão dos convocados de não responder os questionamentos, o presidente do colegiado, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), permitiu que senadores e deputados continuassem fazendo perguntas.
Na última oitiva, que colheu o depoimento de Wesley, por exemplo, os parlamentares chagaram a ironizar a decisão do empresário de ficar em silêncio, com comentários como: "mais uma sessão de banho de sol". Uma referência ao fato de o empresário ter sido deslocado da prisão em que está detido para o Congresso Nacional, sem que fosse contribuir com as investigações da comissão.
"As oitivas dos colaboradores têm resultado num forçado e contraproducente constrangimento para que estes, por via, descabida — na medida em que os membros do parquet possuem prerrogativa de foro —, sejam questionados sobre a retidão do exercício das funções institucionais dos membros do Ministério Público — Instituição à qual os colaboradores confiaram, sob o crivo do Poder Judiciário, por meio da mais eficaz colaboração que se tem notícia, o próprio direito à liberdade,
bem como a paz de suas famílias", afirma o texto.