O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) presta depoimento à Justiça Federal desde as 9h desta segunda-feira (6). Ao juiz Vallisney Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, ele afirmou que marcou uma reunião entre o doleiro Lucio Funaro e o ministro da Secretaria de Governo, Moreira Franco, que ocupava, à época, a vice-presidência da Caixa Econômica Federal (CEF).
O ex-parlamentar negou que tenha recebido propina devido à ação.
– Se Moreira Franco recebeu (propina), e se tratando de Moreira Franco até não duvido, não foi através das minhas mãos – disse.
Além disso, contrariando depoimento de Funaro, Cunha negou que o doleiro tenha se encontrado por três vezes com o presidente Michel Temer.
O depoimento integra as investigações da Operação Sépsis, um desdobramento da Lava-Jato que apura suposto esquema de pagamento de propina envolvendo financiamentos do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Caixa. Além de Cunha e Funaro, são réus o vice-presidente da CEF Fábio Cleto, o ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-ministro Henrique Eduardo Alves, e o empresário Alexandre Margotto.
"Tudo é Eduardo Cunha"
No início do depoimento, Eduardo Cunha afirmou que iria rebater todos os pontos afirmados contra ele pelos demais investigados. Quanto a Funaro, disse que o doleiro está atribuindo tudo a ele.
– A delação que ele faz agora está me transformando no Posto Ipiranga. Tudo é Eduardo Cunha – afirmou.
Ao ser questionado sobre as citações a seu nome em diversas delações, atacou o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Para o ex-parlamentar, seu nome virou prêmio em colaborações de delatores.
– Todos naquele momento que citaram Eduardo Cunha conseguiram tudo – reclamou.
Após o depoimento, que deve ser concluído apenas no final da tarde desta segunda-feira, Cunha irá conceder entrevista coletiva à imprensa. A Justiça autorizou a conversa dele com os jornalistas.