Planilhas apreendidas pela Polícia Federal no gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG), em maio, detalham indicações para cargos em diferentes órgãos da administração federal em Minas Gerais. Ainda conforme a PF, o tucano mantinha um mapeamento de cargos da União disponíveis no Estado, com informações sobre as remunerações e vagas em aberto. As informações são do jornal O Globo.
Uma das planilhas, com data de 10 de fevereiro de 2017 e título "Indicações para Cargos Federais - Minas Gerais", detalha qual político e partido indicou e quem foi indicado para 16 cargos. Os órgãos para os quais teriam ocorrido indicações são Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Superintendência Federal de Agricultura, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Caixa, Ceasa, Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Ibama, Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Geap e Companhia de Armazém e Silos de Minas.
Em cada nome há ainda uma observação sobre a efetivação ou não da indicação. Os outros mapeamentos traziam cargos com possibilidade de serem preenchidos. A planilha principal trazia o título: "Recrutamento Amplo Político em Minas Gerais". Outra, indicava "recrutamento restrito", com indicações de cargos técnicos. Em nota, a assessoria do senador afirmou que o levantamento diz respeito a indicações feitas por deputados federais de Minas, de vários partidos, para cargos na administração federal, encaminhado a Aécio "para conhecimento".
As planilhas foram apreendidas na mesma data em que a PF localizou dois celulares em um apartamento de Aécio, no Rio de Janeiro. Os aparelhos tinham linhas registradas no nome de laranjas e teriam sido usados para ligações sigilosas. O senador foi citado nas delações premiadas dos executivos do grupo J&F, controlador da JBS, como beneficiário de repasses de recursos pelo grupo. Em junho, a Procuradoria Geral da República denunciou o tucano por corrupção passiva e obstrução de Justiça, pelo suposto recebimento de propina de R$ 2 milhões da J&F.