A revista Veja divulgou nesta sexta-feira (6) novas gravações entregues por Joesley Batista, da JBS, à Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo a publicação, o empresário teria relevado o pagamento de R$ 6 milhões em propina ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB).
Para reforçar as informações, Joesley teria entregue áudio no qual está supostamente negociando repasse de dinheiro com o ministro. O empresário, que já colhia provas de corrupção para entregar às autoridades, teria feito a gravação sem que Pereira soubesse.
Joesley disse aos procuradores que pagou propina para conseguir um empréstimo de R$ 2,7 bilhões na Caixa Econômica Federal, ainda durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Na época, o empresário teria sido procurado por Antônio Carlos Ferreira, vice-presidente do banco e que ocupava o cargo por indicação do PRB, que o orientou a falar com Marcos Pereira.
Segundo Joesley, ele e o ministro se encontram e combinaram o esquema. A Caixa liberaria o empréstimo e, em troca, a JBS repassaria R$ 6 milhões ao político – também pastor da Igreja Universal. A propina teria sido repassada em parcelas, sendo a última delas entregue em mãos.
Procurado, Marcos Pereira ainda não se manifestou sobre a publicação da reportagem.
Propina a Aécio Neves
Afastado do mandato por suspeita de ter recebido propina da JBS, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) também é atingido pelas novas gravações reveladas por Veja. Em um dos trechos, o executivo Ricardo Saud, da JBS, conversa com Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, primo de Aécio, sobre as preocupações do grupo empresarial com pagamentos de caixa 2 eleitoral realizados ao marqueteiro Paulo Vasconcelos, que comandou a campanha do senador tucano à Presidência da República em 2014.
Segundo Saud, a JBS, uma das empresas do grupo J&F, pagou R$ 12,3 milhões ao marqueteiro. Apesar de Vasconcelos ter emitido notas fiscais em favor da JBS, nenhum serviço teria sido prestado, o que preocupava Saud.
– Tem uma coisa que está me preocupando demais (...) O Paulo Vasconcelos vai sair chamuscado, você sabe, né? Eu paguei 12,3 milhões (de reais) para ele de nota. Eu não tenho nenhum serviço desse cara. Não tem nada, zero – disse o executivo.
O primo de Aécio, que foi um dos coordenadores de campanha do tucano, pareceu se preocupar com o que ouviu de Saud.
– Isso é grave. Tem que resolver isso – disse Fred.
Os citados ainda não se manifestaram sobre as novas gravações.