Uma placa de sinalização de trânsito que fica em frente à Câmara dos Deputados amanheceu nesta segunda-feira (16) com os dizeres "formação de quadrilha", "corrupção ativa" e "o grande acordo nacional".
Segundo O Estado de S.Paulo, a adulteração ocorreu a partir da colagem de um adesivo, que utilizou a mesma fonte e o padrão de cores da sinalização oficial de Brasília. O autor da intervenção não foi identificado.
O protesto ocorre às vésperas da votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Na quarta-feira, o colegiado deve votar o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomenda a rejeição da acusação pelos crimes de obstrução da Justiça e organização criminosa contra Temer.
A primeira denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra Temer, por corrupção passiva, foi rejeitada pela Câmara dos Deputados em agosto.
"O grande acordo nacional" é uma referência à conversa gravada entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. No diálogo, os dois interlocutores discutem os caminhos para a Lava-Jato, antes do impeachment da então presidente Dilma Rousseff:
JUCÁ - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
MACHADO - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer].
JUCÁ - Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
MACHADO - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ - Com o Supremo, com tudo.
MACHADO - Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ - É. Delimitava onde está, pronto.
O áudio era objeto de inquérito da Polícia Federal que investigava possível crime de obstrução da Justiça por parte de Jucá, Machado e do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do ex-presidente José Sarney. No último dia 10, o relator da Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin, determinou o arquivamento do inquérito, por não haver provas concretas de que os investigados atuaram para obstruir a operação.