O ex-deputado federal Cândido Vaccarezza recebeu cerca de US$ 430 mil em propina para cada contrato celebrado entre a Petrobras e a Sargeant Marine, entre 2010 e 2013, segundo a investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). Ele foi preso na manhã desta sexta-feira (18), em São Paulo, suspeito de favorecer a empresa americana em contratos com a petrolífera.
A prisão de Vaccarezza ocorreu a partir da deflagração da 44ª fase da Operação Lava Jato, denominada Operação Abate. Segundo a PF, os agentes encontraram a quantia de R$ 122 mil em espécie na casa do ex-deputado durante as ações.
– Já sabemos que ele não conseguiu justificar [a origem do valor]. No monitoramento da pessoa, identificou-se que ele está pagando despesas do partido, provavelmente com esse dinheiro – disse o delegado da PF Filipe Hille Pace.
Segundo a investigação, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o Partido dos Trabalhadores (PT) foram os outros beneficiários das propinas pagas nesse esquema. A PF disse que a ação criminosa resultou na celebração de doze contratos entre a Petrobras e a Sargeant Marine de cerca de US$ 180 milhões em favor da empresa dos Estados Unidos.
Segundo a PF e o MPF, as informações obtidas na delação premiada de Paulo Roberto Costa foram o ponto de partida para as investigações que culminaram na deflagração da 43ª e da 44ª fases da Lava Jato.
Empresas gregas
A 43ª fase da Lava Jato, denominada de Operação Sem Fronteiras, investiga o repasse de informações privilegiadas de Paulo Roberto Costa ao cônsul honorário da Grécia no Brasil, Konstantinos Kotronakis. O objetivo da relação entre os dois investigados era facilitar a contratação de armadores gregos pela Petrobras para o afretamento de navios, em troca de pagamento de vantagens indevidas aos envolvidos.
Segundo o MPF, as empresas gregas beneficiadas pelo esquema celebraram contratos com a petrolífera entre 2009 e 2013 em valores que ultrapassam os US$ 500 milhões. O valor da propina era calculado em cerca de 2% dos contratos.
– É claro que a responsabilidade de cada uma dessas empresas precisa ser apurada individualmente, mas a gente já tem essa prova de que o Konstantinos conseguiu beneficiar essas empresas – disse o procurador federal Paulo Roberto Galvão de Carvalho, membro da força-tarefa da Lava Jato.
A investigação aponta, ainda, dois momentos distintos no funcionamento do esquema. A ação criminosa acontecia, em um primeiro instante, por intermédio do operador Henry Hoyer de Carvalho, alvo da 13ª fase da Lava Jato. Com o tempo, segundo a PF, o esquema se sofisticou e passou a envolver uma empresa pertencente a Georgios Kotronakis, filho de Konstantinos, além da participação de Humberto Mesquita, genro de Paulo Roberto Costa.