O ex-governador de Mato Grosso e ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), é acusado de ter pago R$ 3 milhões para que uma testemunha mudasse sua versão em depoimento sobre um esquema de corrupção no governo estadual. A afirmação é de Silval Barbosa (PMDB), que foi vice-governador de Blairo Maggi, entre 2003 e 2010, e sucedeu o ministro em 2011. As informações são do Jornal Nacional, da TV Globo.
Segundo a reportagem, Silval assinou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira (9). De acordo com o ex-aliado, Blairo Maggi fez o pagamento a Eder Moraes, ex-secretário estadual de Fazenda, para que ele desmentisse depoimento prestado ao Ministério Público em que incriminava o atual ministro da Agricultura.
No primeiro depoimento prestado ao MP, em março de 2014, Moraes afirmou que tanto Silval quanto Maggi sabiam da compra de vagas no Tribunal de Contas do Estado, e que ele estaria interessado em assumir um dos cargos. "Muito embora não tivessem falado sobre os valores, nas palavras do próprio Eder Moraes, 'todos naquele ambiente sabiam que as vagas seriam negociadas em valores consideráveis'", diz trecho do termo de declaração.
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Depois, de acordo com a delação de Silval, Moraes teria procurado os ex-governadores e exigido R$ 12 milhões para desmentir o depoimento e inocentá-los. O delator disse que tanto ele quanto Maggi aceitaram pagar a metade do valor – R$ 3 milhões cada.
Após os supostos repasses, a versão de Moraes foi outra. Em entrevista à TV Globo, em janeiro de 2015, o ex-secretário disse que havia mentido no depoimento anterior.
– Eu estava extremamente tomado pela emoção, de não ter sido atendido num pedido de uma escolha para então ocupar uma vaga no Tribunal de Contas do estado de Mato Grosso, qualificado que eu era pra essa função e que, politicamente, praticamente me nomearam e depois me tiraram essa vaga. Então todo esse contexto fez com que eu ali colocasse algumas palavras que eu depois me retratei sobre todas elas – disse na entrevista.
A mudança de versão levou o Ministério Público a pedir o arquivamento do inquérito que investigava a participação de Blairo Maggi. Agora, com a revelação do ex-governador de que o recuo teria sido comprado com propina, há a possibilidade de reabertura das investigações contra o ministro.
Em nota, Blairo Maggi afirmou que nunca agiu ou autorizou ninguém a agir de forma ilícita dentro do governo ou para obstruir a Justiça, e que não fez e nem autorizou pagamentos a Eder Moraes.