A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (16) a Operação Étimo, que é um desdobramento da 26ª fase da Lava-Jato, denominada de Operação Xepa. Realizada em 26 de março do ano passado, a ação apurava suspeitas de pagamento de propina e lavagem de dinheiro envolvendo a Odebrecht.
Entre os beneficiados com este esquema paralelo montado pela empreiteira estavam o publicitário do PT João Santana, ex-marqueteiro das campanhas eleitorais de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, e a mulher e sócia, Monica Moura. O casal foi alvo da 23ª etapa da Lava-Jato, chamada de Acarajé – termo usado pelos investigados para tratar de propina.
Santana e Mônica, atualmente delatores da Lava-Jato, foram presos em fevereiro de 2016, após voltarem de viagem do Exterior (foto abaixo), e soltos em agosto do ano passado, mediante pagamento de fiança correspondente a valores já bloqueados nas suas contas correntes, de R$ 28,7 milhões.
A Operação Xepa abriu novas linhas de investigação do pagamento de propinas pelo Grupo Odebrecht em outras obras públicas, que extrapolavam a Petrobras – foco inicial das investigações. Na época, foram descobertas planilhas de controle dos pagamentos de propina da Odebrecht. Os investigadores identificaram "pagamentos sistemáticos" com entregas de valores em moeda no Brasil e transferências no Exterior.
Naquela etapa, foi preso em Porto Alegre Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro. Apontado pelos investigadores como doleiro e um dos operadores do esquema de pagamento de propina mantido pela Odebrecht, ele foi preso em casa, na Vila Conceição, zona sul da Capital, e levado para Curitiba.
Com dados obtidos a partir de compartilhamento das informações da Operação Xepa, a PF diz que foi possível aprofundar as investigações sobre esquema envolvendo a lavagem de dinheiro por meio de entidade associativa ligada a grandes empreiteiras – chegando à Operação Étimo.
Essa entidade recebia das empreiteiras um percentual do valor de obras públicas realizadas no Rio Grande do Sul. Contratos de assessoria entre a entidade associativa e empresas de fachada eram utilizados para dar aparência de legalidade às operações financeiras de retirada de valores dessa entidade. A movimentação ilegal dos recursos, no Brasil e no Exterior, sua origem e sua destinação, são objeto de investigação pela Operação Étimo.
O nome da operação é uma referência à origem das informações que possibilitaram o aprofundamento das investigações. Étimo é um termo que exprime a ideia de origem, que serve de base para uma palavra, a partir da qual se formam outras.