Em seu primeiro pronunciamento após ser condenado na Lava-Jato, o ex-presidente Lula criticou a sentença do juiz federal Sergio Moro e afirmou que "a Justiça não pode mentir". Rodeado por senadores, deputados e líderes de movimentos sociais, o petista reiterou que a decisão do magistrado não se baseou em provas.
– O Moro tem que prestar contas para a história, como eu devo. A história é que vai dizer quem está certo e quem está errado – afirmou Lula na sede nacional do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo. – A Justiça não pode mentir. Ela tem que tomar decisão baseada nos autos.
Criticando a Justiça, a força-tarefa da Lava-Jato e a imprensa, o ex-presidente afirmou que a decisão de Moro tem "componente político muito forte", já que Lula é pré-candidato ao Planalto em 2018.
– Quem acha que é o fim do Lula, vai quebrar a cara. Porque somente, na política, quem tem o direito de decretar o meu fim, é o povo brasileiro – disse. – Quero dizer ao meu partido que a partir de agora eu vou reivindicar do PT o direito de me colocar como postulante à candidatura a presidente da República – falou, antes de ser interrompido com gritos da militância de "Brasil, urgente, Lula presidente".
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Lula repetiu os argumentos do advogado de defesa, Cristiano Zanin, e afirmou que Moro utilizou apenas cinco parágrafos da defesa do ex-presidente para justificar a decisão. O petista ainda afirmou que a sentença do juiz federal se baseou na delação do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro. Segundo Lula, o empreiteiro "mudou de opinião de um dia para o outro" por orientação do advogado.
– Delatar é um prêmio para você conviver com a riqueza que você roubou – disse, citando reportagem da TV Globo. – O cara está preso, ele fala: pô, eu estou condenado a 23 anos de cadeia, tem mais uns três processos contra mim, e o que eu tenho que falar é apenas dizer que o Lula sabia. O Lula não faz parte da família dele, o Lula não é filho, não é genro, não é nada dele, porque eu vou pegar tanto tempo de cadeia por causa do Lula?
Lula afirmou que a sua defesa vai recorrer da sentença e poderá questionar a decisão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
– A única prova que existe nesse processo é a prova da minha inocência. Queria fazer um apelo à imprensa e ao povo brasileiro: se alguém tiver uma prova contra mim, por favor, diga! Mande para a Justiça, para a Suprema Corte, para a imprensa. Eu ficaria mais feliz se eu fosse condenado com base numa prova – disse. – Não é o Lula que pretendem condenar, é um projeto político que represento junto com milhões de brasileiros. Na tentativa de destruir uma corrente de pensamento, estão destruindo os fundamentos da democracia no nosso país.