A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu nesta quinta-feira (25) investigação sobre a tramitação da reforma trabalhista durante sessão do plenário do Senado. Em questão de ordem, a senadora disse que pode ter ocorrido fraude na tramitação da matéria na Casa. Gleisi alegou que foi concedida vista coletiva do projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sem nunca ter havido um só pedido prévio para isso. No plenário, a petista pediu a apuração do fato e, enquanto não há conclusão, que seja interrompida a tramitação da Reforma Trabalhista na Casa.
Na quarta-feira (24), durante a confusão generalizada na sessão da CAE, o relator da reforma, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), não conseguiu ler o parecer e o presidente da comissão, Tasso Jereissati (PSDB-CE), deu o texto como "lido" imediatamente antes de encerrar a sessão. A manobra enfureceu a oposição, que quer obstruir a tramitação diante da crise política.
– Há indícios concretos de fraude nesse caso, decorrente de um pedido de vista que nunca foi formulado e sequer foi mencionado, como manda regimento interno – disse a senadora no plenário. Gleisi Hoffmann reagiu à decisão de Tasso de dar o texto como "lido" fora dos microfones e ter concedido pedido de vista coletivo sem que antes parlamentares ou partidos tenham pedido vista do projeto.
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– Consta nas notas taquigráficas, bem como na tramitação da matéria, que foi concedida vista coletiva. Há nesse caso, um problema extremamente grave a ser apurado, tendo em vista que há uma diferença muito grande entre o que, de fato, foi dito pelo presidente da CAE, e as filmagens registram isso, e o que foi formalizado no processo – disse.
Diante da denúncia, a senadora do Paraná pediu ao presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que "promova a apuração célere dos fatos narrados na reunião da CAE por todos os meios, inclusive o áudio e o vídeo". No discurso, Gleisi também pede que "suspenda os atos processuais praticados no projeto de lei até que o caso seja resolvido" e "que torne nulos os atos praticados na reunião da CAE no dia 23 de maio de 2017".
Eunício Oliveira disse que recebia a questão de ordem da senadora, mas que não decidiria no momento.
– Não, não vou fazer debate sobre a matéria – disse.
*Estadão Conteúdo