O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais nomes da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Ministério Público Federal (MPF), afirmou nesta quinta-feira (11) que o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro, nesta quarta-feira (10), em Curitiba, não teve nenhuma consistência e é positivo para a acusação.
Em entrevista à Agência Estado, no dia seguinte ao encontro com Lula no prédio da Justiça Federal, o procurador, que estava na sala do interrogatório na tarde de quarta, lamentou o fato de o petista ter imputado à ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em fevereiro, a intenção de adquirir o triplex no Guarujá (SP), objeto da ação penal, como investimento.
– No geral, eu não vi nenhuma consistência nas alegações (de Lula). Infelizmente, as afirmações em relação à Dona Marisa a responsabilizando por tudo é um tanto triste de se ver feitas nesse momento até porque, como o ex-presidente disse, ela não está aí para se defender – afirmou.
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O procurador avaliou que o depoimento "transcorreu como tinha que transcorrer" e criticou os advogados do petista por ter criticado o MPF e acusado os procuradores e o juiz Sergio Moro de terem feito perguntas que não constam na denúncia.
– Talvez a defesa devesse olhar os autos com mais cuidado – disse.
Para Santos Lima, a afirmação dada pelos advogados de Lula em coletiva de imprensa após a audiência sobre a atuação de Moro e do MPF no interrogatório "talvez sirva para confundir" e é "inadmissível".
– Para nós, ela é absolutamente sem sentido e capciosa – completou.
Comentando o embate travado entre Lula e Moro quando o juiz questionou o réu sobre afirmações feitas na semana passada, quando o petista disse que prenderia quem hoje "inventa mentiras contra ele", o procurador minimizou os efeitos das declarações de Lula.
– Presidente não manda prender. Então isso era uma coisa que só podia ser uma forma de se expressar um pouco mais eloquente – comentou.
O procurador afirmou que, obrigatoriamente, o MPF vai pedir mais diligências antes das alegações finais no processo. Santos Lima disse que os procuradores estão definindo neste momento o conteúdo dos próximos pedidos à Justiça.
*Estadão Conteúdo