A deputada federal e ex-governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius (PSDB) provocou os executivos da Odebrecht a provar que ela tenha recebido dinheiro de propina para facilitar a recuperação de créditos de ICMS à Braskem. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, ela reconheceu que negociou benefícios a serem concedidos pelo governo do Estado para a Braskem com Alexandrino Alencar e Valter Lana – dois dos três colaboradores e ex-executivos da Odebrecht que citaram Yeda em delações premiadas.
A deputada tucana garantiu que as isenções e prorrogações de créditos de ICMS, quando era governadora entre 2007 e 2010, são transparentes e podem ser comprovadas por documentos históricos existentes na Secretaria Estadual da Fazenda. Segundo a ex-mandatária estadual, os benefícios já existiam antes mesmo que ela assumisse o Piratini. Além disso, o cálculo era feito de forma transparente.
Questionada se recebeu dinheiro via caixa 2, a ex-governadora foi enfática:
– Se eles (delatores) disseram, vão ter que mostrar para quem deram (recursos de caixa 2) – disse Yeda. – Eu não recebi. O que eu recebi legal é o menor entre os candidatos (ao governo do Estado). Eles vão ter que dizer para quem deram. Para mim não deram – disse Yeda.
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Yeda destacou o benefício que o Estado teve com uma fábrica para produção do "plástico verde". A ex-governadora citou também o desgaste que sofreu durante sete anos até que o Ministério Público Federal informasse que não havia prova criminal contra ela no caso relacionado à Operação Rodin.
No despacho do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Yeda Crusius passa a ser investigada por corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As suspeitas contra a ex-governadora foram apontadas nas delações de Alexandrino Alencar, Benedicto Júnior e Valter Lana.
Segundo eles, Yeda teria recebido R$ 1,75 milhão durante as campanhas eleitorais de 2006 e 2010 para facilitar a recuperação de créditos de ICMS à Braskem, empresa controlada pela empreiteira. Desse total, R$ 800 mil foram declarados à Justiça Eleitoral e o restante por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o departamento de propinas da empreiteira.