Em novas críticas à reforma trabalhista, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), declarou nesta quinta-feira que o texto não passará no Senado da forma como foi aprovado na quarta-feira na Câmara dos Deputados. O peemedebista também afirmou que não é "da melhor tradição o presidente da República não falar aos trabalhadores no 1º de maio".
– Não acredito que essa reforma saia da Câmara e chegue aqui, ao Senado Federal - reforma de ouvidos moucos -, sem consultar opiniões; reforma que só interessa à banca, ao sistema financeiro, rejeitada em peso e de cabo a rabo pela população; reforma tão malfeita, que chega a constranger e a coagir a base do próprio Governo. Por isso ela vai e volta, de recuo em recuo – declarou.
Leia mais:
Como votaram os deputados gaúchos na aprovação da reforma trabalhista
Sob protestos, Câmara aprova texto-base do projeto de lei da reforma trabalhista
Reforma trabalhista: entenda as principais mudanças, ponto a ponto
Renan avalia que a reforma é "injusta", porque retira direitos dos trabalhadores.
– Ela rebaixa os salários. Isso é sua consequência mais imediata e perversa. Ela pretende deixar o trabalhador sem defesa, condenado a aceitar acordos que reduzem a remuneração, suprimem reajustes e revogam garantias no emprego. Todos sabemos que acordos forçados em plena recessão, com 13 milhões de desempregados e com o desemprego aumentando mês a mês, é pedir que se aceite a crueldade como caridade – criticou.
O peemedebista rebateu o argumento do governo de que a flexibilização das leis trabalhistas poderia aumentar a empregabilidade no país.
– Esse discurso é usado para seduzir uma parcela da sociedade e garantir o avanço da retirada de direitos. Querem um Brasil para 70 ou 80 milhões de pessoas. Somos 200 milhões e não podemos simplesmente fazer de conta que não existem 120 ou 130 milhões de pessoas. Com essa reforma, elas podem voltar a ficar excluídas; são empurradas de volta para guetos onde padece a legião de 'ninguéns' – continuou.
Para Renan, a proposta vai aprofundar a desigualdade social. O líder do PMDB sugeriu que, em vez de votarem a reforma trabalhista, os parlamentares deveriam apreciar projeto que põe fim aos salários acima do teto na administração pública, os chamados supersalários. A proposta foi aprovada no Senado no final do ano passado.
– Reforma justa seria uma reforma que retirasse privilégios. E os há, senhoras e senhores, demais neste país, são privilégios inconcebíveis. Os supersalários pagos com dinheiro público são o exemplo mais ostensivo e ofensivo à cidadania no Brasil – avaliou.