Os temas polêmicos que envolvem a indicação do ministro licenciado da Justiça Alexandre de Moares para o Supremo Tribunal Federal (STF) foram os assuntos de um jantar ocorrido na noite de terça-feira entre ele e outros oito senadores, no barco do parlamentar Wilder Morais (PP-GO), em Brasília. Ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o senador José Medeiros (PSD-MT), que participou do encontro, falou sobre o polêmico evento, e confirmou que houve uma "sabatina informal" a Moares:
– Acabou virando uma minissabatina porque os senadores queriam tirar dúvidas, e realmente tinham muitas dúvidas. Foi o senador Wilder que chamou o Alexandre de Moares para se explicar.
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No jantar, que ocorreu na casa flutuante de Wilder, participaram também Benedito de Lira (PP-AL), Cidinho Santos (PR-MT), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Ivo Cassol (PP-RO), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Zezé Perrella (PMDB-MG).
De acordo com Medeiros, os parlamentares perguntaram ao ministro licenciado sobre a informação de que ele teria advogado para cooperativa ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e para Eduardo Cunha.
– Ele disse que fazia parte de uma firma de advogados, e que uma empresa de ônibus era cliente deles. Certa feita, um deputado fez uma reunião com funcionários da empresa na garagem do estabelecimento, e teria comparecido alguém que, depois se descobriu, era do PCC. Por isso, disseram que a empresa pertencia ao PCC, mas depois ele mandou investigar e descobriu que nem o deputado nem a empresa eram ligados (à organização criminosa) – afirmou.
Sobre Cunha, o parlamentar disse que Moraes confirmou ter advogado para o ex-presidente da Câmara, mas alertou que não se pode confundir a conduta criminosa do cliente com o advogado que o defende.
Outro tema abordado durante o jantar foi a tese de doutorado de Alexandre de Moraes, em que o ministro afastado teria sustentado a proibição da indicação a ministro da Corte de pessoas que exercem cargos de confiança no mandato do presidente da República em exercício.
– Ele disse que recortaram um texto fora do contexto, e que acabaram colocando um entendimento errado, que não está na tese – resumiu Medeiros.
O parlamentar falou ainda sobre a possibilidade de Alexandre de Moraes não passar pela sabatina do Senado, já que, após a indicação do presidente, a escolha do novo nome é votada por integrantes do Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que podem aprovar ou rejeitar o candidato, e o parecer é posteriormente apreciado pelo plenário do Senado:
– É difícil fazer essa previsão, pois tudo vai depender de como os senadores irão votar. Ele está fazendo um trabalho de mostrar o currículo, tirar eventuais dúvidas. Vai depender muito do poder de convencimento dele.
Sobre o cardápio do jantar, Medeiros garantiu que foram "muito bem servidos":
– Só conheço rabada, picanha, mocotó e dobradinha. Segundo minha esposa, o que tinha era macarrão carbonara. E um vinho.