O juiz federal Sergio Moro voltou a discutir com a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira. Na parte da manhã, Moro ouviu o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli como testemunha de defesa do petista na ação que investiga, no âmbito da Operação Lava-Jato, o caso do triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo, que seria supostamente de Lula.
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Em certo momento do depoimento, o juiz questionou Gabrielli sobre os motivos que influenciaram na troca de Nestor Cerveró por Jorge Zelada, ambos condenados na Lava-Jato, na Diretoria Internacional da Petrobras em 2008. Na maior parte da conversa, o ex-presidente da estatal afirmou que desconhecia os motivos, mesmo fazendo parte do conselho da empresa na época:
– Houve uma decisão do Conselho de Administração de substituí-lo. As razões objetivas, porque o conselho quis essa substituição, eu não sei – disse Gabrielli.
– Mas o senhor não sabia por que iam trocar um diretor de sua companhia, o senhor não sabia nem minimamente a razão disso? – insistiu Moro.
Moro e Gabrielli seguiram por mais de quatro minutos tratando do tema: o juiz questionava os motivos da mudança na diretoria e o ex-presidente da Petrobras afirmava desconhecer as razões. Moro perguntou se Gabrielli sabia de uma possível indicação do PMDB para a direção da empresa, mas o depoente disse que não sabia desse fato. Tinha conhecimento apenas pela imprensa:
– Essa discussão de partidos não ocorre no âmbito do conselho. Se ocorre, é no âmbito do governo. No conselho, não se discute os partidos.
Após as diversas negativas de Gabrielli nesses mais de quatro minutos, a defesa de Lula se irritou com a insistência do juiz ao tratar do tema, o que provocou uma sequência de troca de farpas:
Defesa:Vossa excelência está insistindo.
Moro:Estou fazendo as perguntas, não estou induzindo.
Defesa:É a quinta pergunta. São perguntas já respondidas, não precisam ser respondidas de novo.
Moro:Ouvi pacientemente as perguntas da defesa e do Ministério Publicou. Estou fazendo minhas perguntas. Certo?
Defesa:Mas suas perguntas são perguntas de um inquisidor, não as perguntas de um juiz.
Moro: Doutor, respeite o juízo.
Defesa: Vossa excelência respeite então a ordem processual.
Moro: Respeite o juízo.
Após o pequeno atrito, que durou pouco menos de um minuto, o juiz voltou a fazer suas perguntas para o ex-presidente da Petrobras.
Entre outras questões, o executivo deu esclarecimentos sobre possíveis atos de corrupção na estatal e de sua relação com o ex-presidente Lula. Gabrielli disse que nunca tratou de negócios irregulares com o ex-presidente da República e que desconhece as acusações de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras em relação aos escândalos de corrupção na estatal.
*Zero Hora