O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou nesta quarta-feira a possibilidade de ser sorteado relator da Operação Lava-Jato.
Considerado, nos bastidores, um dos ministros mais próximos do presidente Michel Temer e de outros integrantes do governo já citados ao longo de investigações, Mendes garante que conduziria com "naturalidade" a análise do maior esquema de corrupção já descoberto no país.
– Estou em Brasília desde 1974, conheço os personagens todos aí da vida política há muitos anos e lido com os processos com a abertura que vocês conhecem no plenário – disse a jornalistas após ser questionado sobre sua proximidade com Temer.
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No último domingo, o ministro jantou com Temer no Palácio do Jaburu.
– Foi uma conversa de avaliação do momento, que a gente já faz há muito tempo – relatou.
Gilmar concedeu entrevista no STF, antes de uma reunião com a presidente da Corte, a ministra Cármem Lúcia. Ele ressaltou que o futuro da Lava-Jato, após a morte do ministro Teori Zavascki, será conduzido por ela, que deverá dar uma solução institucional.
– Acho que será um encaminhamento que terá o apoio, senão da unanimidade dos colegas, de ampla maioria – previu.
O ministro não quis opinar sobre a forma de sorteio da relatoria da Lava-Jato e acerca da homologação das delações da Odebrecht, mas reiterou que a presidente da Corte está trabalhando para evitar atrasos.
– A presidente atua com rigor jurídico e científico, e também com responsabilidade política de não deixar que as matérias sofram qualquer retardo – pontuou.
Nesta semana, Cármem Lúcia autorizou a continuidade dos depoimentos de delatores da Odebrecht, que são conduzidos por juízes que auxiliavam o ministro Teori. No entanto, ainda não definiu se tomará a iniciativa de homologar as delações ou se a missão caberá ao futuro relator.
Também está pendente a forma como será escolhido o novo responsável pelos processos da Lava Jato no STF. Poderá ocorrer um sorteio na Segunda Turma – formada por Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Celso de Mello – ou entre todos os membros da Corte, com exceção da presidente, que fica impedida.