O resultado já estava matematicamente consolidado quando Sebastião Melo (PMDB) deixou sua casa na zona sul da Capital rumo ao diretório do partido, na região central. Ao chegar, foi recepcionado por apoiadores e, sem parar para entrevistas, foi direto ao auditório do prédio. Acompanhado por representantes de sua sigla e das que o apoiaram na campanha, fez um rápido pronunciamento reconhecendo a derrota e parabenizando o adversário.
“Eu quero cumprimentar o meu concorrente, deputado Nelson Marchezan e o (Gustavo) Paim, prefeito e vice-prefeito eleitos, e dizer que a política não termina e não começa com a eleição. Portanto, terminou a eleição, desejo a eles sucesso na gestão, porque a cidade de Porto Alegre está acima da disputa eleitoral”.
Ele deve descansar por dois dias e reassumir o cargo de vice-prefeito, do qual esteve licenciado durante a campanha. Colocou-se à disposição para auxiliar na transição, embora não deva fazer parte do grupo que vai repassar a administração para a próxima gestão.
“Saio desse processo voltando para a prefeitura para fazer aquilo que na democracia e na grandeza política é fazer uma transição de alto nível sobre a tua liderança (se dirigindo a Fortunati) e saindo de cabeça erguida da prefeitura no dia 1º de janeiro”.
Em seguida, concedeu uma entrevista coletiva. Com respostas curtas, citou as dificuldades da campanha, mas não utilizou o tom agressivo que marcou a disputa no segundo turno. Ainda assim, afirmou que, para ele, o PMDB não deve se unir ao novo governo.
“Eu espero do meu partido, que eu fui presidente, é que ele siga o caminho que o povo deu a ele, de ser oposição responsável”.
Ao ser questionado sobre os motivos que levaram a altos índices de votos brancos e nulos, além da abstenção, Melo mencionou a descrença com que o eleitor brasileiro vê os políticos. Ele defende uma profunda reforma e critica o que já foi feito de mudanças.
“Acho que o Brasil, o caminho pelo qual ele tem que percorrer, é uma reforma política verdadeira. Nós disputamos uma eleição sob o ‘remendão’ eleitoral. Cada eleição tem um remendo na lei eleitoral”.
Questionado sobre o distanciamento da política presente em diversas campanhas, o vice-prefeito criticou a estratégia de vender “um salvador da pátria” e a criminalização do político.
Sebastião Melo afirma que vai voltar a atuar como advogado, mas que “é do tipo de político que faz política com mandato e sem mandato”. Não quis comentar se aceitaria integrar o governo de José Ivo Sartori futuramente e destacou que o PMDB da Capital deve discutir as falhas que levaram à perda da eleição.