O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Guido Mantega, disse, nesta quinta-feira, que o ex-ministro da Fazenda "nega peremptoriamente qualquer tipo de diálogo com o empresário Eike Batista". Segundo Batochio, o ex-ministro da Fazenda afirmou a ele que "nunca conversou" com Eike.
O ex-ministro foi preso com base na acusação do empresário que afirma ter repassado US$ 2,3 milhões para o PT a pedido de Mantega. Nesta quinta, o ex-ministro foi preso pouco antes das 7h da manhã no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde acompanhava a mulher em um procedimento cirúrgico.
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Ele foi levado à sede da Polícia Federal, mas não chegou a depor. Seria transferido para a PF em Curitiba, base da Lava-Jato. Antes disso, porém, o juiz Sérgio Moro revogou a ordem de prisão temporária do ex-ministro.
– Não houve nenhum encontro com Eike. O ministro Mantega assegura que jamais tratou com o senhor Eike sobre contribuição de campanha, sobre pagamento de despesas eleitorais. Portanto, o depoimento desse empresário é absolutamente falso – reagiu o criminalista José Roberto Batochio.
Na avaliação do advogado de Mantega, Eike Batista "percebeu que estava sendo investigado e, possivelmente, seria alcançado pela mão da Polícia Federal".
– Então, procurou espontaneamente o Ministério Público Federal e fez um escambo, 'se não me prenderem posso acusar alguém importante' – afirmou Batochio.
Eike não fez delação premiada, mas para Batochio o empresário agiu como colaborador em busca de benefícios.
O advogado fez uma ironia com o fato de, ao denunciar Lula por corrupção e lavagem de dinheiro, a Procuradoria da República classificar o governo do petista de "propinocracia".
– Essa violência contra Guido Mantega mostra que a delação 'premiadocracia' produz deformidades monstruosas. É preciso acabar com a delação 'premiadocracia' ou vamos entrar numa conflagração social – disse. – As liberdades individuais e as garantias pessoais estão sequestradas no Brasil e o cativeiro é o Paraná (sede da Lava-Jato). Urge libertar as liberdades.
Batochio também afirmou que "é absolutamente desnecessária" a prisão do seu cliente.
– As liberdades individuais no Brasil estão sequestradas e seu cativeiro é Curitiba – comentou o advogado.
De acordo com Batochio, a prisão de Mantega teve um caráter "surreal" porque teria ocorrido a partir de uma delação do empresário Eike Batista. Segundo o advogado, o ex-ministro mostrou-se estarrecido com o fato porque o acusador não mostrou provas – enquanto ele teria apresentando evidências. Ainda assim, Eike não foi preso e Mantega, sim.
*Estadão Conteúdo